“Viva Hell Mexico – Revival” não é uma festa nem um evento. É uma experiência. Apela à memória, aos sentidos e faz-nos viajar até tempos de uma Ovar que guardamos no coração. E ainda tem fins solidários: a receita vai reverter para a APADO – Associação Protetora dos Animais Domésticos de Ovar.
Uma das bandas no cardápio, são os Pevides de Cabaça. Corria o ano de 2018, quando tivemos as últimas notícias deles. Óscar Beerof, Américo Brazens, José Mendes, José Lírio, Hernani Canigia e Luís Pinto tocaram em despique com a vetusta Banda Ovarense e a seguir foi o silêncio.
Pedidos de várias famílias não têm faltado, mas eles nada. Agora, acederam ao convite do Filipe Kabra, roqueiro vareiro “old school” que quer apagar as velas com aquelas bandas que fizeram a cena rock ovarense nos anos 1990 e 2000. “Era uma ideia antiga e aproveitei os meus 50 anos para por em prática”.
“Não podíamos negar voltar ao rock e ajudar a APADO”, explica José Lírio, intrépida voz dos PDC.
No Azulejo, no dia 11, serão seis bandas daquele dias, em comunhão com os adeptos a quem dedicarão um ‘set’ de meia hora cada uma.
De todas elas, os PDC terão sido aquela que maior projeção obteve a nível nacional, chegando a gravar um disco com tiragem nacional e a liderar tabelas de vendas.
“Não viramos a cara a uma oportunidade, mas a seguir não nos venham convidar para fazer temas para novelas ou para ir ao festival RTP da canção”, avisa Óscar Beerof quando lhe perguntamos se isto pode ser um regresso a sério. Luís Pinto atalha: “não se deve dizer que desta água não beberei”.
José Mendes põe os pontos nos is: “Estávamos a ensaiar para um projeto novo quando chegou o COVID e tivemos de parar. Até hoje”. A vida seguiu um rumo. Luís Pinto atenta que as famílias cresceram e as prioridades mudaram.
Nesta noite, “vamos tocar músicas que não tocávamos ao vivo”, alerta Américo, “porque não fazia sentido levar as mais eletrónicas neste formato que nos foi proposto”. Vai ser animado, mas “sem cabeleiras ou fantasias; vamos tocar à civil”.
Além dos PDC, Luís Pinto também vai partilhar o palco com os Red Socks. “Não tocávamos há quase 20 anos. Hoje, temos 40 e vai ser giro juntarmo-nos com a cena musical em que surgimos”.
Os Red Socks eram “os mais chavalitos” naquele tempo. “Faço parte de vários projetos, entro em palco e não saio mais (risos)”.
Do cartaz, Cabeças de Martelo é a banda mais antiga, em atividade, desde 1996. “Sempre que é para a APADO, nós alinhamos”, justifica Óscar, guitarrista dos CDM.
Óscar também se inclui nos Trinco no Mamilo. “Tem sido difícil ensaiar porque a malta tem as suas vidas e é complicado juntar todos, mas no dia vai sair tudo bem”. Para ele, em particular, será uma noite de “três em linha e bingo”, numa alusão às bandas em que vai tocar. “Vou levar três tshirts e vou tirando uma a uma”, anuncia. Strip masculino grátis, portanto.
O tempo passou, têm menos cabelo, algumas brancas, mas a “pica” é a mesma. “Olhamos hoje para as nossas músicas e até ficamos admirados com as coisas que fazíamos”, nota Luís Pinto.
Com os ensaios que a vida hoje permite, Paulo Pinho, guitarrista dos No Violation (banda do aniversariante que depois se transformou em Twenty Toon), garante que a banda tem ensaiado para “evitar pregos”. “Afinal de contas, passaram 23 anos”. “Mas ainda cá andamos, isso é que importa!”
João Leal, dos Red Socks, está no mesmo barco do rock vareiro: “À partida, nós só vamos conseguir ensaiar uma vez, mas isto é como andar de bicicleta”. A receita é a mesma das outras bandas: “Estamos um bocado enferrujados mas, esfregando, sai tudo bem”.