180 Milhões e a Exclusão de Aveiro – Por Diogo Sousa
A decisão de eliminar portagens em várias autoestradas portuguesas é um passo positivo que pode aliviar os encargos financeiros das famílias e empresas, promover a coesão territorial e estimular o desenvolvimento económico. Contudo, com um custo estimado de 180 milhões de euros para os cofres do estado, a medida revela falhas de equidade, deixando regiões como Aveiro em evidente desvantagem.
Enquanto algumas autoestradas deixam de cobrar portagens, os pórticos da A25 em Albergaria e Aveiro permanecem ativos, penalizando os utilizadores locais.
Adicionalmente, vias estratégicas para a conectividade da região, como a A17 e a A29, não foram incluídas, agravando a sensação de injustiça. Estas autoestradas são fundamentais para o transporte e economia local, mas os seus utilizadores continuam a pagar portagens, sem beneficiar diretamente do investimento estatal destinado a eliminar custos noutras
regiões.
Eliminar portagens oferece claras vantagens. Permite uma poupança direta para os utilizadores, facilita a mobilidade entre territórios e reduz o tráfego em estradas nacionais,
tornando-as mais seguras e menos sobrecarregadas. Além disso, incentiva o turismo e aumenta a sustentabilidade ambiental, ao diminuir emissões de veículos presos em congestionamentos. No entanto, estas vantagens são diluídas pela aplicação desigual da
medida, que perpetua desigualdades regionais.
O caso de Aveiro ilustra como a implementação parcial desta decisão compromete o objetivo de coesão territorial. A ausência de critérios equitativos demonstra uma falta de visão integrada. Se o objetivo é beneficiar a mobilidade nacional, é difícil justificar a
exclusão de áreas-chave como os pórticos da A25 em Aveiro e as autoestradas como a A17 e a A29, que conectam Aveiro aos distritos envolventes.
A eliminação de portagens deveria ser aplicada de forma uniforme e abrangente, beneficiando todas as regiões de igual maneira. Medidas parciais não só criam desigualdades como também corroem a confiança dos cidadãos nas políticas públicas. Se PS e CHEGA estão dispostos a investir 180 milhões de euros nesta iniciativa, é essencial que todos os portugueses sejam tratados com a equidade que merecem.
Para que a eliminação de portagens tenha impacto real, é necessária uma estratégia
coerente, que inclua todas as vias relevantes e promova efetivamente a coesão territorial.
Aveiro e outras regiões excluídas desta medida merecem ser incluídas para que os cidadãos
beneficiem dos mesmos direitos e oportunidades. Afinal, o desenvolvimento nacional só
será alcançado quando todos os territórios forem tratados com a mesma consideração e justiça.
Diogo Fernandes Sousa