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Esmoriz: Palheiro Amarelo, imóvel de Interesse Municipal, em risco de colapso

O Palheiro Amarelo, imóvel de interesse municipal desde 2004, ruiu parcialmente e ameaça desabar.

Apesar do mau estado em que se encontrava nada fazia prever o desenlace de sexta-feira num exemplar único que faz parte de um conjunto de palheiros, ainda existentes na praia de Esmoriz, que nos deixam adivinhar a antiga vivência piscatória.

Ali chegou a funcionar uma escola de surf, foi sede do Movimento Salvem a Barrinha e foi sala de exposições.

É a 29 de Janeiro de 1854 que surge a primeira licença oficial para a construção de palheiros em Esmoriz. Mais de uma década depois, em 1868, a Câmara Municipal da Feira (à qual pertencia então a aldeia de Esmoriz) incumbiu o juiz eleito de Esmoriz de intimar todos os donos que haviam sido responsáveis pelo surgimento de construções então clandestinas (isto é, erguidas sem a dita licença) para que procedessem à sua demolição imediata.
Ilusteação de Marco Joel Santos
Em 1874, a praia esmorizense era já muito procurada pelos banhistas, e até as fotografias mais antigas, tendem a inferir uma era dourada dos palheiros em Esmoriz, estabelecida cronologicamente entre os finais do século XIX e a primeira metade do século XX.
Exposto isto, podemos ter, pelo menos, a certeza de que já existiriam palheiros em Esmoriz no século XIX, durante os tempos da Monarquia Constitucional. No entanto, é bem provável que estas habitações sejam ainda bem mais antigas porque, desde cedo, simbolizaram a relação íntima que o homem mantivera com o mar, facto que foi, por exemplo, parte integrante do desenvolvimento económico e social de Esmoriz.
Eram estruturas primitivas davam guarida aos “lobos do mar” que se lançavam no alto mar para capturar o tão desejado alimento (peixe) procurado pela comunidade,  assumindo uma segunda função – armazenar, no rés-do-chão, os apetrechos piscatórios (alfaias, redes, pequenos barcos, canas de pesca, etc.).
Há um século atrás, existiriam cerca de 50 palheiros (ou até mais) na praia do norte ovarense, mas hoje sobrarão muito poucos e há muito que se alertava para o seu mau estado de conservação, pelo que o eventual desaparecimento desta herança única do passado poderá estar hoje em vias de acontecer, se ninguém reagir antes que caia.

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