Opinião

A tese da direita sobre as “três revoluções” que lutavam entre si no 25 de novembro

Por Paulo Freitas do Amaral

No dia 3 de dezembro de 1975, uma semana após o 25 de novembro, realizou-se um debate com todos os partidos no parlamento. Diogo Freitas do Amaral, a principal voz mais à direita na Assembleia da República, sobe à tribuna para proferir o seu discurso representando o CDS.
Olhos nos olhos com o PCP, Diogo Freitas do Amaral confronta, sem papas na língua, os comunistas com a seguinte frase:” Devemos, enfim, denunciar o comportamento insurrecional de alguns militares e a autoria moral de alguns partidos, nomeadamente o PCP”. A bancada dos comunistas gera um burburinho circunstancial, mas o líder da direita, continua tranquilamente a expor o seu discurso escrito onde relatou com grande clareza e precisão, as três revoluções e as três perspetivas de uma sociedade futura que se estavam a digladiar até ao 25 de novembro de 1975.
Na perspectiva de Diogo Freitas do Amaral, a primeira das revoluções mencionadas era a revolução democrática, que correspondia ao espírito original do MFA e que tinha naquela data o grande apoio do povo português. Outra a segunda, seria a revolução comunista – que habilmente se procurava fazer avançar nos países comunistas sob a capa e a pretexto da primeira com o apoio do PCP e dos seus satélites, dos movimentos de extrema-esquerda e de alguns, poucos, elementos do radicalismo militar. E uma outra terceira, seria a revolução socialista militar, que procurava seguir uma linha de compromisso entre elementos das duas primeiras e que tinha como inspiradores, entre outros, destacados membros do chamado “grupo dos nove”.
Diogo Freitas do Amaral ao discursar expondo esta tese chamava a atenção para que cada uma das revoluções conduziria, se triunfasse, a regimes políticos bem diversos: a revolução democrática levaria a uma democracia pluralista (regime democrático), como acabou por acontecer, a revolução comunista produziria uma ditadura do proletariado (regime totalitário) e a revolução socialista militar desembocaria num fascismo de esquerda, ou num nacional populismo (regime autoritário).
Durante o seu discurso, Diogo Freitas do Amaral ainda menciona que das três revoluções em despique apenas uma, a primeira, teria natureza democrática e que as outras duas seriam antidemocráticas e redundariam de forma inevitável em ditaduras.
A direita em 1975, uma semana após o 25 de novembro acreditava, perante estas afirmações que o 25 de novembro tinha sido uma vitória, não definitiva, mas importante, sobre a revolução comunista. A direita acreditava que esta vitória havia pertencido à revolução democrática e à revolução socialista militar, que em face do perigo comum, se teriam aliado e teriam levado a melhor. No entanto, achavam na altura que uma vez controlada provisoriamente a revolução comunista, a disputa entre as outras duas revoluções tinha recomeçado imediatamente e ainda não se encontrava terminada e tinha apenas acabado de começar, como também nos anos seguintes se comprovou…ou seja…a Direita estava certa!
Fontes do artigo: texto integral do discurso de Diogo Freitas do Amaral no “Diário da Assembleia Constituinte”, nº88, 03-12-1975, p. 2857-2859.
Livro de memórias de Diogo Freitas do Amaral, “O Antigo regime e a revolução” onde o autor dedica um capítulo à sua visão do 25 de novembro de 1975, p. 476 à 522
Paulo Freitas do Amaral
Professor, Historiador e Secretário-Geral do partido “Nova Direita”

Botão Voltar ao Topo