“Take a Look”: Eduardo Verde Pinho mostra a sua arte pela primeira vez em Ovar
(Foto: D.R.)
Ainda tem até 30 de novembro para visitar a exposição “Take a Look [Muros/Janelas/Paredes e… Palavras]”, de Eduardo Verde Pinho, a primeira vez que mostra a sua obra na terra que o viu crescer. O tema da mostra, em inglês, é um convite direto, quase pessoal, do artista para que observemos a obra com olhos de ver.
“Ao longo do tempo, em diferentes momentos, a cidade escreve na sua pele, tatua-se! Ora são os grafiteiros que tentam ser artistas; ora são os namorados apaixonados que lá deixam as juras; depois vem aquele que quer gritar ou contar um segredo a ninguém”, refere o artista no livreto da exposição. “E assim se vão fazendo as paredes, a várias mãos, com diferentes almas e vontades, aparentemente sem que nada as una, cada uma com o seu pecado – ira, preguiça, muita luxúria, inveja de não terem museu”.
“Dessas paredes, o artista, qual fotógrafo que retalha o mundo, rasga um quadrado um retângulo, põe de baixo do braço e leva consigo para o mostrar noutra parede mais erudita, submetendo-se ao olhar crítico dos que apreciam a fine art”.
A maioria das obras agora exibidas no Centro de Arte de Ovar (CAO) nunca foram expostas e integram as séries urbanas do artista, num convite a olhá-las de perto: “TAKE A LOOK”. Estranho que nunca antes tenha mostrado a sua arte na terra que também contribuiu para o seu amadurecimento enquanto homem e artista.
Amigo de outros tempos, Raul Almeida destaca que “mais do que uma retrospectiva tradicional”, esta exposição “é uma súmula muito bem conseguida das “séries” com que nos foi presenteando ao longo dos últimos dezanove anos”. Tendo as suas séries “sempre uma identidade muito própria, e sendo muito diferenciadas entre si”, continua, “é muito interessante ver o seu convívio nesta exposição e a coerência de fundo que dão ao percurso artístico do autor”.
No mesmo sentido vai a apreciação de Helena Osório, PhD em Estudos sobre a História da Arte e da Música pela Universidade de Santiago de Compostela, com reconhecimento da Universidade do Porto: “Cada peça de Eduardo Verde Pinho é uma ópera de cores e de mensagens gritantemente surdas que se escutam dentro, sem entendimento obrigatório”. E reforça: “Produz à escala de um Vivaldi que nos deixou 770 composições e não por acaso o evoca e trabalha a obra mais conhecida deste compositor”.
Mas existem outras peças a que chama “brincadeiras”, como aquela em torno do São João, na praça da Ribeira do Porto, da autoria do escultor português João Cutileiro (n. 1937); e demais, sobre a paleta do holandês Johannes Vermeer (1632-1675), ou sobre o céu do alemão Anselm Kiefer (n. 1945) que estuda com Joseph Beuys (1921-1986). Cargas expressivas que acarretam a arte no tempo.
A também investigadora do i2ADS/FBAUP, desvenda que “Eduardo Verde Pinho deixa-se levar numa de muitas viagens, sem final, por tendências e artistas que marcam a História da Arte e da Música. Desencadeia percursos tão sentidos que a tinta escorre de propósito num acto natural. E sempre dividido, interpretando as novas óperas-murais, dispostas como parcelas de vida vivida e num tempo simultâneo, diz: “O que me pode mais caracterizar é agarrar o muro grafitado do qual várias vezes retiro parte e meto-a num quadro”.
E sempre que se insere num contexto intelectual através da palavra, Eduardo Verde Pinho explica um polo do sentimento. “Trata-se sim de uma arte urbana, a sua, pessoal e intuitiva, solidária e contestatária, que transporta a alma dos graffiti, capturados com o olhar interior nas ruas mais degradantes e negligenciadas. Depois revigorados com a expressão do artista, são enfim conduzidos para espaços museológicos, onde melhor
se apercebem, interrogam e entendem. Querendo dizer que a arte é de todos e para todos, sendo ou não inteligível”, conclui Helena Osório.
Eduardo Verde Pinho nasceu no Porto a 2 de Dezembro de 1962, mas passou a sua juventude em Ovar, onde frequentou Escola Escola Secundária Júlio Dinis e viveu as andanças da juventude vareira daquela época. Licenciou-se em Direito pela Universidade Católica Portuguesa no Porto, em 1985.
Fundou, em 1989, a Osório de Castro, Verde Pinho, Vieira Peres, Lobo Xavier e Associados – Sociedade de Advogados –, tendo sido sócio da mesma até à sua fusão com a Morais Leitão, Galvão Teles Soares da Silva & Associados, em 2006.
Representa múltiplos clientes nacionais e internacionais nos mais variados projetos de fusões e aquisições e de reestruturações empresariais e financeiras, providenciando igualmente um acompanhamento societário geral a diversos clientes da Sociedade cuja estratégia internacional dirige, integrando também a equipa de comercial e M&A.
O CV
1993 Exposição colectiva de Fotografia dos alunos da ESAP – Porto
Curso Superior de Fotografia da ESAP – Escola Superior Artística do Porto, em 1994.
2001 Exposição de Fotografia – “Na procissão” – Afurada
2002 Exposição de Fotografia – “Com fixos olhos rasos de ânsia” – Museu da Imagem de Braga
2005 Exposição de Pintura – Sala 1 – Galeria Minimal – Porto
2005 ARTE LISBOA 2005 – Galeria Minimal – Lisboa
2006 Exposição individual de pintura – Galeria Minimal – Porto
2006 ARTE LISBOA 2006 – Galeria Minimal – Lisboa
2007 Exposição individual de pintura – Galeria Minimal – Porto
2008 Exposição individual de pintura – “Monstros, Mitos e Heróis” – Galeria Minimal – Porto
2010 – Exposição individual de pintura – AP’ARTE Galeria – Porto
2012 – Exposição individual de pintura “De perto ninguém é normal” – AP’ARTE Galeria – Porto.
2016 – Exposição colectiva “Mostra 2106” – Porto e Lisboa. Representado em várias colecções particulares de Portugal.
2019 – Exposição individual de pintura “um e meio por um e meio” – AP’ARTE Galeria – Porto.
2024 – Centro de Arte Ovar – TAKE A LOOK