“O rapaz do Cubo Mágico” já é cinquentenário
Eis o título de um grande êxito de Lara Li, em 1981, onde se fazia a descrição de como o, então famoso, Cubo de Rubik absorvia as mentes mais empenhadas dos jovens da época.
Nesse tempo, a juventude não estava à rasca, pois não havendo dinheiro para fazer quase nada, conseguia-se fazer quase tudo.
O espírito criativo e a força mobilizadora de vontades punham a sociedade portuguesa a funcionar. Claro que se vivia em constante crise e também tivemos cá o FMI. A diferença é que nessa altura éramos um país efetivamente pobre e hoje somos uma país que tendo estado artificialmente rico acabou por falir.
E esta é toda a diferença. Mas onde entra o famoso Cubo de Rubik que este ano completa 50 anos? É apenas um pretexto para dizer simplesmente que vamos todos ter de recuar 50 anos e passar a viver como vivíamos no início dos anos 1980.
Assim ao estilo do também famoso Jogo do Monopólio quando saía o “Recue até à casa da partida”. Casas para arrendar não há, camisas e calças duram várias épocas.
Os polícias vão andar mais a pé, vai voltar o serviço militar obrigatório, haverá mais cartazes colados nas paredes. As festas de aniversário vão voltar ser nas garagens e os namorados vão deixar de ter carro para irem de fim de semana e apenas darão passeios a pé pelos jardins da cidade. Nada disto vai acontecer, pensarão muitos de vós. Podem ter razão relativamente à forma das coisas. Esta é uma visão do contexto e nisso estou certo que não estarei enganado. Porque eu ainda tenho um Cubo Mágico.
Na verdade, são 40 anos antes… Em 81 eu resolvia o cubo trocando os autocolantes e, agora, estou num torneio de cubo com o meu filho. Os tempos mudam, por vezes para melhor.