A praia do Furadouro é considerada o berço das varinas que recolhiam o peixe do “nosso mar” pescado pelos seus homens e corriam a apregoá-lo pelas ruas da cidade, freguesias e concelhos vizinhos.
Verdadeiros cânticos a entoar pela ruas e vielas de Ovar ficaram gravados na nossa memória.
No Dia Mundial da Voz, eis alguns dos pregões mais utilizados pelas varinas:
Peixinho fresquinho! É do nosso mar!
Venha ver freguesa!
É carapau bibinho!
É vivinho a saltar!
É do nosso mari!
Carapau vivo…
É do nosso mari…
Olha a rica sardinha!
É grande como cabala!
Chicharro vivinho!
Olha que rico biqueirão!
Sardinha viva do nosso mari!
Ó que ricos linguados!
Ó mori, não me compra nada?
No âmbito do projecto “Territórios com História: o Mar, as Pescas e as Comunidades”, que congrega os municípios da Murtosa e Ílhavo, a praia da Torreira fez um trabalho de recolha de património sonoro associado às gentes da Ria e do mar. A recolha incidiu nos “sons, pregões, músicas, cantilenas, histórias, rezas e outras, através do registo áudio e vídeo de entrevistas a pessoas comuns, conhecedoras destas expressões identitárias da terra marinhoa”, disse a autarquia murtosense.
O trabalho foi conduzido pelo documentarista Tiago Pereira, responsável pelo projecto “A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria”. Este acervo documental será disponibilizado, livremente, nas plataformas digitais.
