Opinião

“No more Jobs for the boys” – Por Lobo Mau

Jobs for the boys é uma prática enraizada nas autarquias e no aparelho do Estado e acontece quando um partido chega ao poder e escolhe um dos seus para ocupar lugares num organismo público. O objetivo é compensar lealdades partidárias e colocar os boys em lugares chave da Administração Pública para garantir o controlo da máquina do Estado e arredores.

Uma das grandes conquistas do país com a chegada da troika foi a criação da CRESAP – Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública, uma entidade cujo objetivo é garantir a isenção e independência no processo de recrutamento para os cargos de chefia no Estado. Já não basta ter cartão partidário e saber organizar jantares e comícios para se ter acesso àquilo que em linguagem culinária se convencionou chamar de ‘tacho’.

Também para evitar a captura do Estado, a troika impôs novas regras e uma lei-quadro para as entidades reguladoras com o objetivo de garantir a independência e os recursos necessários para exercerem as suas responsabilidades sem terem de prestar vassalagem ao poder político.

No entanto, os nossos políticos arranjam sempre maneira de dar volta à situação. Com os vetos de gaveta e os concursos à medida desvirtuaram aquilo que deveria ser a missão nobre da CRESAP.

Estará nesta última categoria a recente proposta da Câmara Municipal de Ovar cujo novo presidente, mal aqueceu a sua “cadeira de sonho” e já anuncia a contratação de uma função autárquica que onerará a despesa municipal em vários milhares de Euros por mês.

A trapalhada da alteração do júri só veio avolumar as suspeitas numa câmara a braços com outras alegadas suspeições que se podem considerar graves, ditas e repetidas nas suas “barbas”, em plena assembleia municipal.

Será que o recorde de vereadores eleitos numa legislatura não chega?

A prova de que resultados eleitorais com esta expressão maioritária nem sempre é boa conselheira.

O Lobo Mau

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