Mais uma vez o Governo e o partido Livre na elaboração da nova lei dos passes dos transportes, só estiveram preocupados com o eleitorado jovem mais descomprometido em votar nos políticos do costume e esqueceram-se dos cidadãos que moram fora de Lisboa ou do Porto e que não têm poder para eleger tantos deputados para a Assembleia da República como um eleitor de Lisboa ou do Porto.
Eu diria até que o sistema eleitoral está construído de uma forma em que um voto de um lisboeta ou de um portuense é mais precioso para um político do que cinco votos de cidadãos do interior do país. Um sistema que beneficia claramente a esquerda política.
No caso da apregoada lei dos passes, anunciada pelo PS e Livre, eu diria que “A montanha pariu um rato” pois para quem vive fora dos centros urbanos, devido ao preço exorbitante das casas, e tem de se deslocar para o centro, nada mudou, senão vejamos;
O comboio intercidades mantém os seus passes milionários de quase 300 euros e que em muitos casos, só servem para os passageiros andarem 3 estações como por exemplo é o flexipasse que só permite viajar de Vendas Novas ao Pragal e que custa 270 euros, entre muitos outros exemplos pelo país rural…
É incrível como o governo, unicamente com finalidades eleitoralistas, fez “ouvidos moucos” às reinvindicações de vários presidentes de câmara municipais das Beiras, do Alentejo entre outras zonas do país que se manifestaram numa viagem conjunta de comboio, de forma a dar voz às dificuldades de cidadãos que têm um ordenado menor do que quem mora nos grandes centros urbanos,e no entanto de nada valeu esta ação e protesto dos autarcas… No final o que pesou na balança do Governo foi unicamente a retribuição do favor político ao partido Livre que se absteve no orçamento do PS, podendo assim anunciar os passes gratuitos aos jovens lisboetas e portuenses, de forma a elegerem e a renovarem no próximo dia 10 de março, o seu único deputado em Lisboa, esquecendo grande parte do povo português pobre e que não pertence a uma certa burguesia lisboeta a quem o partido Livre tenta agradar para se eleger.
O Governo deveria saber que os autarcas que exercem o seu mandato longe de Lisboa e do Porto, se um dia quiserem cortar nos apoios aos passes dos seus conterrâneos, provocarão um descalabro social no país, como aconteceu recentemente no concelho de Viana do Castelo, onde toda a população está revoltada e indignada, sem condições económicas para comprar o passe para ir trabalhar para o Porto sem a comparticipação da Câmara Municipal de Viana do Castelo.
Enquanto o país viver destes favores políticos entre partidos do sistema e os outros partidos que lhes fazem favorzinhos, nada mudará na vida de quem mais tem dificuldades, até naqueles que já andam de bicicleta ou trotinete no interior do país e que a esquerda política esquece…
Infelizmente é este o país que temos!
Paulo Freitas do Amaral
Professor de História