Teste de stress – Henrique Gomes
Apressadamente, tento-me aproximar daqueles exploradores de fundo ou quase fundo.
Anseio retirar o máximo retorno do meu investimento em zona de fundo desconhecido.
A cada momento um passo em falso e uma sensação de queda. Rápida procura do equilíbrio e do fundo: susto e perceção do vazio e da pouca garantia dada por um banco de areia.
É um verdadeiro teste de stress a que me submeto- tenho pressa em encurtar a distância e, simultaneamente, ser sigiloso e ter sempre os movimentos em conta.
Debito uns palavrões à comissão cobrada pelos mosquitos- sei que sairei daqui com umas gotas de sangue a menos. A taxa habitual por estes lados. Podia ser pior caso eu tivesse um encontro imediato com algum dos múltiplos répteis que povoam estas zonas. Garantido está um depósito de lama na algibeira.
Encurtei ao mínimo possível o spread – os exploradores da natureza continuam longe, entretidos e com retorno abonado. Observo e fotografo.
Aqui o rácio entre aquilo que se investe e o que é recolhido é razoável, compensador e sustentável.
Pescador e aves parecem que coabitam há muitos anos numa relação harmoniosa, em simbiose. Ambos ganham com a presença mútua. A presença de cada um deles é um indicador de riqueza daqueles fundos.
Por aqui não existe nada de exacerbado ou em soberba- tudo parece equilibrado e na justa medida.
Henrique Gomes (texto e foto)
28.10.2014