A prova do arroz na Fábrica da História
Arquiteto vareiro esteve envolvido na conceção e concretização do projeto
O arquiteto ovarense, Martim Guimarães da Costa, foi um dos convidados para a prova. Ultrapassadas todas as etapas do Ciclo de Cultivo do Arroz no Baixo Vouga Lagunar (BVL), chegou a tão aguardada hora de provar este produto único do território estarrejense.
E para tornar este momento ainda mais especial, a chef Cristina Manso Preto confecionou o arroz do BVL num ‘showcooking’ e prova no edifício da antiga “Hidroelétrica” de Estarreja, que em tempos funcionou como fábrica de descasque de arroz e que em breve dará lugar à Fábrica da História.
O Museu está dividido em duas áreas: a primeira, que ocupa os dois primeiros pisos, é o museu propriamente dito, que receberá a museologia sobre a história do arroz, a relação da cidade com o Baixo Vouga Lagunar e a identidade de Estarreja. No último piso, fica o restaurante, cujos pratos a confeccionar terão o arroz de Salreu como base.
Martim Guimarães da Costa fez parte da equipa de arquitetos, juntamente com o Paulo Martins e Ricardo Sousa, que elaborou o projeto e acompanhou a obra.
O evento teve casa cheia com as pessoas a apropriarem-se do espaço com um misto de curiosidade e de satisfação. “De curiosidade, porque aquele era um edifício que estava em ruínas e que carregava um enorme valor simbólico para a população e identitária para a cidade”, diz Martim Guimarães da Costa. De satisfação, acrescenta, “porque permitiu revitalizar uma área que estava de costas para a cidade, que era propícia a uma certa marginalidade, que estava devoluta”.
O arquiteto vareiro explica que “com esta reabilitação gerou-se uma nova centralidade, consolidando um polo cultural que o Município de Estarreja tem vindo cada vez mais afirmar e a competir com outras grandes cidades portuguesas”.
O restaurante foi desenhado a pensar numa dualidade: “o pé direito é grande, o que permite, durante o dia, receber imensa luz natural e lançar as vistas para o Baixo Vouga Lagunar, e à noite para possuir uma atmosfera mais intimista”.
Sendo que a gastronomia é também cultura, os pratos que foram apresentados pela Chef Cristina Manso mostraram o potencial daquele restaurante e do arroz de Salreu. “Para nós, era muito importante que a temática do arroz não se perdesse, e mostrou-se que era possível que houvesse essa unidade, entre o museu e o restaurante, o que faz o tema do arroz ganhar força”. Este funcionará em regime de concessão com uma ementa centrada no arroz.
A abertura da Fábrica da História, um museu alusivo ao cultivo do arroz, deverá acontecer durante o primeiro trimestre do próximo ano. As obras de requalificação e reconversão da antiga Hidro-Eléctrica de Estarreja – Fábrica de Descasque de Arroz já foram dadas por terminadas, faltando ultimar o percurso expositivo.
A fábrica, instalada junto aos caminhos-de-ferro, foi fundada por Carlos Marques Rodrigues em 1922 e fechou em 1987, tendo permanecido abandonada durante vários anos.