Estudo reafirma que financiamento na diálise deve ser revisto
A Associação Nacional de Centros de Diálise (ANADIAL), que representa 90% das clínicas privadas de diálise, participou, esta semana, numa mesa de discussão sobre “Modelos de Financiamento (Sustentável) da Hemodiálise” onde foram apresentadas as conclusões de um estudo elaborado pela NOVA IMS. Este estudo reforça que o preço compreensivo, modelo de pagamento do tratamento da diálise, em Portugal, deve ser alvo de discussão.
“A ANADIAL está a cada dia que passa mais preocupada, pois os constrangimentos assistidos e as contas que os estudos têm vindo a revelar são preocupantes” disse Paulo Dinis, membro da direção da ANADIAL, no início da sua intervenção.
E acrescenta: “o modelo de financiamento que temos, desde 2008, é um motivo de orgulho, sobretudo por Portugal ter sido o primeiro país do mundo a implementá-lo, apresentando virtudes tanto para os doentes, como para os prestadores de saúde, como para o nosso Governo”.
No entanto, “lamentamos que, sobretudo nos últimos dois anos, esteja a ser difícil chegar ao diálogo com os decisores políticos para abordar as nossas preocupações relacionadas com este modelo de financiamento da diálise”.
Na perspetiva da associação, os indicadores que integram o preço compreensivo, já podiam ter sido alvo de uma revisão, pois são os mesmos há cerca de 15 anos. “Estamos completamente disponíveis para negociar com o Ministério da Saúde a inclusão de serviços que possam acrescentar valor na prestação de cuidados de saúde ao doente, nomeadamente na integração de medicamentos inovadores, pelo que além da revisão do preço compreensivo sugerimos mesmo uma extensão da nossa parceria”, refere Paulo Dinis, que concluiu a sua intervenção elogiando os profissionais de saúde “os bons resultados do modelo de financiamento da diálise vigente devem-se também à qualidade do desempenho dos nossos profissionais de saúde”.
A internalização da diálise, apresentada no relatório do Orçamento de Estado para 2024, foi também um dos temas em discussão pelos especialistas, sendo unânime que não há motivos para o Estado investir na criação de condições para o tratamento de hemodiálise nos hospitais públicos quando há uma oferta suficiente, com qualidade, e principalmente quando não há garantias de que esta internalização promova uma redução de custos.
A iniciativa contou com a participação no debate de José Miguel Correia, presidente da Direção Nacional da APIR (Associação Portuguesa de Insuficientes Renais); Ana Farinha, médica nefrologista, membro da Sociedade Portuguesa de Nefrologia e uma das autoras do estudo; Aníbal Ferreira, médico nefrologista, professor da NOVA Medical School e também autor do estudo; e Julian Perelman, professor catedrático da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa e vogal suplente da direção da APES (Associação Portuguesa de Economia da Saúde). A discussão pode ser visualizada aqui: