Apaixonado por bonecos articulados, o artista natural de Ovar pratica agora a sua arte no coração do bairro de Arceaux, em Montpellier, na França.
A imprensa local, curiosa, foi visitá-lo e conta o que viu. “Nascido na então pitoresca vila de Ovar, Paulo esteve imerso na atmosfera cultural da sua região natal. Desde muito jovem sentiu atração pelas artes e pelo mundo do entretenimento”, lê-se no jornal Midi Libre.
Aos seis anos, levou um choque ao assistir a um “incrível espetáculo” de marionetas num certame internacional organizado localmente.
Ficou fascinado para sempre. Bonecos simples, de barbante, enfeitados com passarinhos, capturaram sua imaginação.
As suas viagens e mudanças subsequentes continuaram a alimentar sua criatividade, com novas influências artísticas.
“A sua jornada ilustra como as viagens e as experiências pessoais podem moldar a imaginação de um indivíduo e enriquecer a sua vida e arte”, conta ainda o Midi Libre.
Paulo Duarte é licenciado em Pintura pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto e diplomado pela ESNAM – École Supérieure Nationale des Arts de la Marionnette de Charleville-Mézières. Depois da sua passagem pela ESNAM, fundou com David Girondin Moab, a companhia Pseudonymo, que codirigiu até 2006, e alargou as suas experiências a diversos campos: cenografia, interpretação, encenação, conceção e construção de marionetas, objetos cénicos e teatro de objetos.
Integrou a companhia Là Où – marionnette contemporaine, dividindo a direção artística com Renaud Herbin e Julika Mayer, de 2007 a 2011. Trabalhou com Roman Paska, Joan Baixas, Fanfare Mineable, CRÉA – Théâtre de Tournai, Zaven Paré, Allen Weiis, entre outros.
Dirigiu diversos ateliers de formação no Institut del Teatre de Barcelona e no AMK (Turku, Finlândia). Tem participado como ator-manipulador e construtor de marionetas em vários projetos artísticos de companhias francesas, belgas, alemãs e espanholas.
Ao longo do seu percurso participou em várias edições do FIMFA com “A Hora do Diabo”, “Deep News”, “Écumes”, “Petites Âmes” ou “Deep News #2”.
A companhia MECANIKA foi fundada pelo marionetista e construtor Paulo Duarte. O seu objetivo é desenvolver e explorar a marioneta atual, interagindo com outros campos artísticos contemporâneos, sob a forma de teatro de imagens.
É um olhar para a realidade atual e o modo como a representamos. As várias produções de Paulo Duarte, ao longo da sua carreira no mundo das artes visuais ou performativas, formam uma perspetiva muito específica e singular, numa realidade metafórica e contemporânea.
As suas propostas procuram sempre o sentido da imagem, do ímpeto inicial que constitui o motor de um projeto à imagem que fará o retrato visual/plástico. Pode ser natural ou artificial, visual ou não, tangível ou conceptual, assemelhando-se diretamente ao seu modelo ou, pelo contrário, relacionando-se com este de uma forma mais simbólica.
O OvarNews esteve, recentemente, à conversa com o artista vareiro. Da Ovar que deixou há mais de 20 anos e da que reencontra agora, ressalta-lhe logo o CAO – Centro de Arte de Ovar, que não havia. “Há também o pavilhão e centro comercial Dolce Vita, em contraponto com o antigo Raimundo Rodrigues, evoluções que acha normais. “O que eu vejo praticamente inalterável é o português que grita e opina sobre tudo. Isto é, sinto-me em casa (ri-se)”.
