Álcool e Fígado: As consequências do consumo excessivo de bebidas alcoólicas surgem mais rápido do que se pensa
Semana da Consciencialização para o Álcool decorre de 3 a 9 de julho
“É só um copo, não faz mal a ninguém” é uma expressão frequentemente usada em ocasiões sociais. Contudo, quando esse copo, tido como inofensivo, se transforma num hábito, a sua saúde passa a estar em jogo, especialmente tendo em conta que esta substância constitui um fator de risco para mais de 60 condições médicas. Ainda assim, este facto não impede que o consumo social total para a Europa seja de 128 mil milhões de euros anuais e que em Portugal cada pessoa beba, em média, 12 litros de álcool por ano.
A verdade é que não é só o fígado que é afetado pelo consumo de álcool, sendo também notória a ligação com o desenvolvimento de doenças graves como o cancro na região da boca, garganta e estômago, pressão arterial elevada, miocardiopatia, obesidade e até depressão.
Independentemente desses cenários, o impacto do consumo alcoólico no fígado continua a ser bastante expressivo, sendo responsável por um conjunto de doenças hepáticas, como é o caso da esteatose hepática (fígado gordo), hepatite alcoólica (inflamação), cirrose hepática e cancro do fígado. Em Portugal, o álcool é na atualidade a causa mais frequente de cirrose hepática!
As doenças hepáticas provocadas pelo álcool evoluem muitas vezes silenciosamente até aos estados mais avançados, como é o caso da cirrose hepática e do cancro do fígado. Havendo já cirrose, mesmo quando se está perante uma situação compensada, sem sintomas, a esperança média de vida continua a ser reduzida, rondando cerca de uma década.
Outro dos problemas que agrava a situação é o facto de o consumo de álcool começar relativamente cedo em Portugal, sendo o alcoolismo a toxicodependência mais frequente no país, e de o binge drinking (consumo de grandes quantidades de álcool numa janela temporal pequena) ser cada vez mais popular entre os jovens.
Ainda que para os mais novos, embora a perspetiva de que o seu fígado e saúde no geral sejam afetadas pelo álcool pareça distante, a verdade é que várias consequências podem ser imediatas, nomeadamente no desenvolvimento cognitivo, saúde mental, relações entre pares, rendimento escolar, acidentes resultantes da condução sob o efeito do álcool, e morte por intoxicação alcoólica.
Se suspeita que sofre de uma adição ao álcool ou tem sintomas como icterícia (cor amarelada dos olhos e pele), fadiga anormal, dor e inchaço na zona abdominal, urina escura e fezes amareladas, cinzentas ou esbranquiçadas, deve procurar ajuda médica de imediato, pois estes sinais podem ser indício de uma lesão avançada no fígado.
vontade em reverter o problema. Nesta Semana da Consciencialização para o Álcool, que decorre entre os dias 3 e 9 de julho, sob o mote “Álcool e Custo”, avalie o prejuízo que esta substância poderá ter na sua saúde, relações pessoais e financeiras, a curto e longo prazo.
Arsénio Santos, presidente da Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF)