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Em Lima, no Peru, Miguel abriu um café com sabor português

Miguel Jeri, vareiro, médico, deputado municipal em Ovar e cidadão do Mundo, assinalou, recentemente, o primeiro aniversário de outro dos seus projectos de vida: O PortoCafé, em Lima, na capital do Peru.

Como se tivesse o dom da ubiquidade, o médico vareiro esteve presente na festa, numa exaltação de “camaradagem que nem o tempo nem a distância conseguiram extinguir”. Em especial com Erick Tejada, amigo com quem travou conhecimento há 12 anos em Arequipa, nas lutas do Valle del Tambo.

“Nessa altura, numa noite de conversa num bar de Arequipeño, Erick tocou uma canção imprevisível e familiar”. Era “Grândola Vila Morena” – “ouvi-la a dez mil quilómetros da nossa casa não tem preço e faltaram-me as palavras”, descreve Jeri.

“Os dados estavam lançados quando em Outubro de 2021, assinámos, numa rua no distrito de Miraflores, em Lima, o pré-contrato de aluguer de um espaço em Santa Beatriz, centro de Lima”. O valor pago de caução era, na prática, recorda Miguel, “o nosso seguro contra arrependimentos, indecisões e cobardias”.

“A partir daquele momento o caminho só tinha um sentido, já o ritmo dependia totalmente da nossa capacidade de moldar o abstracto em realidade”.

Há algum tempo que Miguel Jeri tinha o objectivo de abrir um local no Peru, que “fosse economicamente viável, que pudesse ser um espaço de encontro, me ligasse ao país e pudesse servir, talvez, um dia, de porta de entrada da cultura portuguesa no Peru”.

A partir daquele dia começa uma odisseia na qual foi sendo confrontado com áreas novas, e se colocou à prova a “nossa capacidade de aprender tudo o que pudemos sobre elas e de ultrapassar cada obstáculo que se ia erguendo no caminho”.

Miguel recorda meses de trabalho intenso, com as dificuldades óbvias de dirigir um processo que foi, em grande parte, à distância: definir o conceito, o tipo de produto e o público-alvo; desenhar o espaço a 2 e a 3 dimensões, decidir e ajustar o tipo de decoração; analisar orçamentos e seleccionar o empreiteiro; comprar materiais, estudar quais os mais adequados.

Depois, foi preciso controlar diariamente a execução da obra e proceder às alterações necessárias à medida que a obra avança, o que implica discussões intermináveis; tratar das licenças de funcionamento e de protecção civil; executar as operações financeiras e cambiais; orçamentar mobiliário à medida nos locais especializados em Lima; planificar estrategicamente o modelo de gestão e recursos humanos; definir salários respeitando direitos e regalias; cumprir obrigações fiscais e contratar contabilista, software de facturação e pagamentos; contratar fornecedores; definir a carta e ajustá-la às expectativas; desenhar o logotipo (gracias Kingraf publicidad) e definir estratégia de divulgação.

Foi também tempo de ler legislação fiscal, comercial, laboral e aduaneira e regulamentos municipais. “A certa altura, parecia que o destino se encarregava de criar novos problemas apenas pelo prazer de nos pôr à prova”. Recorda a “necessidade de criar circuito eléctrico independente, que demorou semanas em corrigir”.

Mas nem tudo foram “rosas”. A certa altura, “o empreiteiro tentou passar-nos a perna com a factura e a garantia. As falhas nas transferências enquanto o Euro caía a pique. A tentativa anónima de embargar a obra. Os atrasos nos fornecimentos vários. A inundação que nos obrigou à substituição de todo o piso, atrasou tudo semanas e impossibilitou a inauguração do espaço durante a minha última viagem ao Peru”.

Miguel Jeri e a equipa do PortoCafé tudo ultrapassou porque de forma profissional ou informal, foram dezenas as pessoas que se envolveram no projecto. Gerir um espaço é um desafio constante de melhoria contínua, e a cafetaria com charme português é, hoje, um local acolhedor de reencontros e amizades, “sobretudo graças a eles”, reconhece Miguel. “Elas sabem quem são e desde já o meu agradecimento profundo”.

Um ano depois, se forem a Lima, no Peru, não esqueça que é bem-vindo no PortoCafé, na Avenida Alejandro Tirado, 316.

 

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