Hoje, dia 31 de Março, é comemorado anualmente o Dia Nacional do Doente com Acidente Vascular Cerebral (AVC). Este dia é assinalado com o intuito de alertar e sensibilizar a população para a doença em Portugal.
Mas o que é um AVC?
O Acidente Vascular Cerebral, ou como é popularmente conhecido por Trombose Cerebral, é uma condição neurológica que resulta da interrupção da circulação cerebral por obstrução do fluxo (AVC Isquémico) ou por rutura de vaso (AVC Hemorrágico).
Representa a principal causa de morte e incapacidade permanente em Portugal. Estima-se que ocorram 25 mil novos casos de Acidentes Vasculares Cerebrais por ano em Portugal, o que se traduz em, aproximadamente, 70 novos casos por dia e 3 novos casos por hora.
Quando suspeitar de um AVC?
O AVC pode dar sintomas diversos, dependendo da zona do cérebro atingida. No entanto, há a relembrar os 5 F’s:
Se reconhecer um destes sinais, deve ligar imediatamente o 112.
Ao ligar para o Número Europeu de Emergência, será atendido por profissionais que determinarão a possibilidade de ser um AVC.
Caso se confirme a hipótese, estes profissionais entrarão em contacto com uma Unidade Hospitalar com capacidade de diagnóstico e de tratamento de um AVC.
Quando chegar ao Hospital, estarão médicos e enfermeiros prontos a ajudá-lo.
Não espere que os sintomas passem; há um intervalo de tempo entre o início dos sintomas e a oportunidade de tratamento, o que pode minimizar sequelas/limitações futuras. É caso para dizer: tempo é cérebro!
Nunca se deve dirigir à sua Unidade de Saúde Familiar ou deslocar-se ao Serviço de Urgência pelos seus próprios meios!
E se os sintomas passarem?
Existe ainda uma forma de duração mais curta, que se define como Acidente Isquémico Transitório (AIT).
Os doentes com AIT sofrem uma interrupção momentânea da circulação cerebral, tendo os sintomas duração de minutos.
Mesmo nestes casos, é importante recorrer ao hospital, uma vez que 1 em cada 5 pessoas que sofrem um AIT venham ter um AVC nos próximos meses.
O que posso fazer para prevenir um AVC?
Cerca de 80% dos casos de um AVC poderiam ser evitados.
Existem vários fatores de risco que aumentam a probabilidade de ocorrer um AVC.
Alguns destes fatores são não modificáveis como:
- Género (o sexo masculino é mais afetado)
- Idade (a probabilidade aumenta a partir dos 65 anos)
- Genética.
No entanto, existem fatores que são corrigíveis com mudanças de estilo de vida ou medicação, tais como:
- Hipertensão arterial
- Diabetes
- Dislipidemia
- Excesso de peso
- Arritmias cardíacas
- Sedentarismo
- Consumo de tabaco e de álcool
- Consumo de sal.
Deve adotar estilos de vida saudável, fazendo exercício físico regularmente e tendo uma alimentação equilibrada e saudável.
É importante visitar regularmente o seu Equipa de Saúde para ajudar no controlo dos fatores que são passíveis de correção/controlo.
Já tive um AVC e agora?
Além do diagnóstico e do tratamento, é essencial a reabilitação. As sequelas de um AVC são diversas, dependendo da área do cérebro lesionado. Desde dificuldade na mobilização a alteração do equilíbrio ou da fala, muitas destas alterações podem influenciar a independência e o estilo de vida dos doentes.
A recuperação também envolve identificar a causa do AVC, o que vai permitir definir estratégias terapêuticas.
A maioria dos doentes com AVC necessitará de medicação preventiva, de modo a evitar um segundo ou terceiro evento.
Devem ainda ser abordadas medidas de estilo de vida que são essenciais para manter a sua saúde e recuperar mais facilmente.
Além disso, importa controlar a pressão arterial (para valores <140/90 mmHg), tratar a diabetes e a dislipidemia (uma vez que se acumula nos vasos sanguíneos e pode bloquear a circulação) e combater a obesidade.
Nunca é demais relembrar que, na sua Unidade de Saúde Familiar, tem uma equipa pronto a ajudá-lo!
Bibliografia e Links Úteis:
- https://www.spavc.org
- https://www.inem.pt/2017/05/29/acidente-vascular-cerebral/
- http://www.associacaoavc.pt
- https://www.portugalavc.pt
- https://advancecare.pt/para-si/blog/artigos/a-vida-depois-de-um-avc
Dr.ª Rita Félix Tavares, médica interna de Medicina Geral e Familiar USF João Semana
