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Válega: Nossa Senhora de Entráguas mantém devoção

Em dia da tradicional “Fevereira” festeja-se, esta sexta-feira, a Nossa Senhora de Entráguas, em Válega, com muitos populares a afluírem à histórica ermida em sinal de devoção.

“Foi outrora a capela de Entráguas centro de grandes romagens. O visitador de 1746 diz que a ela acorria muita gente, mesmo do Bispado de Coimbra. Nos anos de estiagem, é ainda muito visitada pelo povo da beira-mar que lá vai implorar água para os seus campos”.
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“A ermida de Nossa Senhora de Entráguas, na freguesia de Válega, é uma das mais famosas da nossa beira-mar. Erguia-se outrora em meio de vasto areal, invadido pelas águas no inverno. Perde-se hoje no verde-escuro dos pinheirais onde vão morrer alguns braços da Ria de Aveiro. Mas os povos ribeirinhos não lhe desaprenderam o caminho. Lá vão todos os anos, na festa de 2 de fevereiro, vadeando regatos e afrontando as chuvas, porque quem lhes rega os campos e os protege nos perigos do mar ou do rio é a Senhora, de-entre-águas chamada”.

A sua importância nas lides agrícolas e rurais fez nascer o popular ditado: “Fevereira a rir, o Inverno está para vir. Fevereira a chorar, o Inverno está a acabar”.

A festa da Senhora de Entráguas resiste ao passar dos tempos e das mudanças da sociedade, mantendo-se como ponto de encontro de muitos amigos e famílias.

Após o interregno causado pela Covid, os devotos afluiram como sempre, fazendo a sua visita anual.

O santuário lá esteve como sempre, rodeando a capela, simples, mas carregada de história e de lenda:

“D. Diogo Lobo faleceu em Coimbra, no ano de 1654, talvez sem ver concluída esta obra, pois na fachada do templo existe o seu brasão com a data de 1657. Diz-se que, ao tempo da sua paroquialidade em Válega, empreendera uma viagem por mar a Lisboa, na qual se vira em sério risco, fazendo então à Virgem de Entráguas o voto de lhe erigir nova ermida. Uma inscrição que nesta se conserva, infelizmente muito mutilada e quase ilegível, parece aludir à fundação da anterior no ano de 1535”. Fotos: Saul Fragoso

Padre Miguel A. de Oliveira, Nossa Senhora de Entráguas, 1936

 

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