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Coleccionador “escreve” solidariedade com 24.500 esferográficas

Constantino Pinho é natural de Ovar, residindo actualmente em Serzedo, Gaia, mas é em Anta, Espinho, que guarda religiosamente uma curiosa colecção que já conta com mais de 24.500 esferográficas.

“Estão todas numeradas, registadas e em expositores e já tenho mais duas remessas para actualizar”, acrescenta, orgulhoso.

Além de ser uma paixão, Constantino Pinho já escreveu páginas bonitas da sua vida com elas. Ele já usou as suas esferográficas para ajudar várias causas solidárias e sente-se feliz com isso. “Os amigos dessas iniciativas juntavam esferográficas e eu ajudava a pagar tratamentos de recuperação de crianças e ainda criava um expositor dedicado à respectiva causa”, conta Constantino. Foi assim com a causa Espinho Solidário e, actualmente, continua a acompanhar e ajudar essas crianças quando precisam.

Em Ovar, a sua colecção alimenta uma causa especial: sabendo das dificuldades por que passam, auxilia a alimentar os patudos à guarda da APADO – Associação Protectora de Animais Domésticos de Ovar, lamentando apenas “não ter mais adesão dos amigos da associação”.

O início desta colecção aconteceu em 1982, quando, por brincadeira e com a ajuda de vendedores da empresa onde trabalhava, começou a juntar umas dezenas de esferográficas às poucas que andavam nas gavetas lá de casa.

No início da década de 90, Constantino fez uma viagem de serviço à Guiné, “e achei interessantes as canetas de publicidade daquele país”. Fez amizades e trouxe algumas esferográficas para Portugal. Começou aó o gosto por coleccionar. “Eram poucas, cem a duzentas talvez, mas principalmente no fim do ano, ia sempre juntando mais”.

Por volta do ano 2000, teria umas 500 talvez – eram apenas três expositores no início. “Aí pensei em organizar a colecção, separar algumas repetidas e, para ter maior controle, resolvi numerá-las e catalogá-las”.

Quando, em finais da década de 2010, começou a ter mais disponibilidade de tempo, “fui dando mais atenção à colecção”. Marcante foi a adesão ao Facebook na medida em que abriu novas oportunidades: “Porque não procurar amigos que já não via há muito tempo e falar desta minha paixão?”. Tão boa foi a ideia que de imediato começaram a surgir ofertas de esferográficas. “Ainda me recordo a satisfação que tive em alcançar as 1.000 unidades e as 1.500 que tenho marcadas em realce nos expositores”.

Constantino Pinho recorda que “o êxito foi tal que comecei também a procurar amizades em grupos”, reencontrando muitas amizades antigas de escola, familiares que estavam no estrangeiro e muitos novos amigos virtuais, mas que muito o têm ajudado. A partir desse momento foi sempre a crescer.

A primeira grande experiência num grupo foi com uma amiga e um amigo alentejano de Évora. “Ela ofereceu-me a sua colecção que, mais cedo ou mais tarde, iria para a reciclagem, e ele propôs enviar as que tinha para juntar à minha colecção”. Foram mais de 2.000 unidades “que me deu muita força para tentar encontrar mais amizades”. O coleccionador vareiro pagou as despesas todas que tiveram com o envio, e ainda enviou “uns miminhos” de Ovar e de Aveiro para ambos.

Quase todas as amizades recebem pequenos miminhos sempre que oferecem esferográficas. Depois foram surgindo amizades de muitos pontos do País (algumas ainda são virtuais outras já são reais), como por exemplo, de Macedo de Cavaleiros, Marco de Canavezes, Viana do Castelo, Mangualde, Gouveia, S. João da Madeira, Arouca, Aveiro, Figueira da Foz, Coimbra, Albergaria, Salreu, Santarém, Montijo, Peso da Régua, etc, com as quais continua a ter contacto e o vão ajudando.
Do estrangeiro, Constantino conheceu dois amigos virtuais, um da Holanda e outro do Brasil que enviaram mais de 100 esferográficas cada um. “De Moçambique, reencontrei um amigo de longa data que também enviou uma dezena para a coleção”.

“São estes momentos maravilhosos que valorizam ainda mais esta minha colecção”, argumenta.

As 23.944 esferográficas numeradas e registadas estão distribuídas por 238 expositores, todos eles personalizados com temas diversos. Na colecção, não há cores partidárias nem clubísticas. “Para mim todos são iguais, todas têm o mesmo tratamento”. Existe um expositor dedicado a clubes, onde será colocada uma esferográfica de qualquer clube que chegue, sendo profissional ou amador, sem diferenciar a modalidade. “O que interessa é ser um clube, português ou estrangeiro, mas também tenho três expositores destinados aos títulos dos três grandes: um expositor é só vermelho e branco, outro só azul e branco e outro só verde e branco”.

Os temas e títulos dos expositores surgem conforme a proveniência das esferográficas. Por exemplo: Bragança pode ser caretos, Algarve pode ser corridinho, Madeira pode ser a festa da flor, etc. “Conforme a zona, surge a ideia, procuro fotos e crio o tema”, explica.

Já estão representados na coleção mais de 50 países, com um total de 1.160 esferográficas e 81 localidades de Portugal, expostas também num expositor próprio.

Mas ainda não está contente: “Ainda me faltam ter esferográficas de muitas zonas do país, como por exemplo, do Minho e Tras os Montes não tenho quase nada, bem como da zona de Lisboa para Sul até ao Algarve (só arranjei de Évora) e dos Açores. Da Madeira não tenho nada. Falta muita coisa para ficar com a colecção mais completa, pelo que gostaria num futuro próximo conhecer amizades dessas zonas do País com o intuito de conseguir representações de todo o Portugal continental e ilhas”.

O coleccionador também ainda não perdeu a esperança de conseguir esferográficas da América Central e do Sul (“Só tenho Brasil”) e claro de outros países de outros continentes que ainda não tenha. “Os portes são de minha conta, e os amigos que não aceitam ser reembolsados nunca ficam prejudicados”, avisa Constantino Pinho, sorrindo na esperança de aumentar ainda mais o número de esferográficas que, chegadas a sua casa, descansam da escrita e envaidecem um coleccionador raro e obstinado.

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