Poucos dias antes de Fernando Daniel cumprir o sonho de cantar em Ovar para uma plateia de vários milhares de pessoas, o OvarNews foi ao encontro do cantor que nos desvendou o que planeia fazer no dia 13, os convidados que traz consigo, os projectos para Ovar e para a sua carreira. Tudo nesta entrevista EXCLUSIVA!!
Depois do concerto simbólico que deste durante o cerco sanitário, o que significa para ti agora este concerto na Arena VIDA Ovar? É muito especial, porque, pela primeira vez, vou fazer um concerto a sério em Ovar, cidade que me acolheu tão bem ao ponto de me considerar um pouco de cá. Sinto-me aqui tão bem como na minha zona de nascimento, em Estarreja. Já me habituei às pessoas, à vivência e às tradições que são um bocadinho diferentes. As pessoas fazem-me sentir bem. Adoro viver aqui junto à praia, porque dá outro respirar, outro ar. Este concerto é especial por tudo isso e também porque fecha um ciclo e encerra a digressão do disco que lancei, precisamente, durante a Pandemia. Aliás, comecei a divugá-lo no concerto junto à Igreja de Ovar e e agora encerro-o aqui, com chave de ouro, muitos amigos e convidados.
Ainda te lembras de quando trabalhavas naquele centro comercial durante o período de audições do programa ‘The Voice’? Sim, claro. Também trabalhei ali no então Dolce Vita, na loja de animais, e é curioso que, quando lá estava, olhava para aquele pavilhão e imaginava de como seria fazer ali um concerto. Um espaço em grande com capacidade para mais de seis mil pessoas, que é mais do que os coliseus de Lisboa ou Porto. Vai encerrar a tour na perfeição. É como digo sempre: Já me sinto que sou mais daqui do que de Estarreja. Já vivo aqui há seis anos, a minha filha nasceu aqui e há todo um lado sentimental e afectivo que é especial. Fazer aqui este espectáculo faz todo sentido.
Como foi possível ter passado todo este tempo e não te terem convidado antes para tocar em Ovar? Durante estes quatro anos nunca sequer me perguntaram se queria aqui vir. Talvez achassem que eu era muito caro mas depois via artistas em cartaz ainda mais caros do que eu. Cheguei estar à espera de um convite para vir cantar às Festas do Mar do Furadouro. Eu que moro, praticamente, ao lado do palco e ouvia tudo de casa. Cada um tem as suas opções, mas não posso dizer que não ficava triste de não ser eu. De qualquer maneira, nunca vim antes porque ninguém se chegou à frente e não me cabia a mim forçar. Não ia pedir, claro. Sendo da terra podia ter cá vindo. Nesse aspecto, Estarreja mexeu-se um pouco melhor. Felizmente que vai acontecer agora com a Fórmula da Felicidade que se movimentou para que vá acontecer.
O que significou para ti receber uma das mais altas distinções do Município de Ovar? Foi muito bom ter recebido essa medalha de mérito Municipal porque, no fundo, mede aquilo que eu também dei a Ovar porque onde quer que eu vá, tento ser sempre um digno embaixador desta região, porque, repito, me sinto muito bem integrado.
O Luís Osório escreveu palavras bonitas sobre ti. Sentes-te bem quando isso acontece? Eu não costumo fazer publicidade do que faço pelos outros, porque acho que quando queremos ajudar verdadeiramente não é para andar a publicitar disso. Mas depois há pessoas como Luís Osório que quando investigam trazem estas situações e acaba por ser bom, porque não sendo eu, e sendo o Luís, que é um excelente jornalista, acaba por divulgar uma faceta minha que muita gente não conhecia. Gosto de ver isso e fico orgulhoso.
Tu também ficaste “preso” no cerco sanitário de Ovar. Compuseste alguma canção nessa fase? Nessa altura, tinha lançado o meu último disco e foi uma fase estranha porque não me concentrei tanto na música e dediquei-me mais à família.
Neste concerto de Ovar, vais dar-nos a ouvir canções novas do álbum que vai sair? Vou despedir-me de algumas músicas. Vou tocar as músicas todas do último e do primeiro disco e vou trazer alguns convidados. Vão estar comigo o AGIR, Carlolina Deslandes, os Átoa e mais um ou outro que vamos ver se consegue estar presente por questões de agenda. Vai ser um dia memorável para todos! Vamos ter ainda efeitos especiais no palco. Quero deixar uma boa impressão ao povo vareiro.
Se calhar muitas gente não sabe que a banda que te acompanha também tem músicos de Ovar… Sim, tem. O baterista Mike é de Ovar e o Mendonça que toca há muito comigo, é de Estarreja mas, neste momento, vive em Válega, e tenho a Flaviana Borges que é de Válega e vai abrir o concerto.
Queres falar-nos um pouco do teu projecto de estabelecer uma escola de música em Ovar, mais concretamente, no Furadouro? Vai ser nas antigas instalações da discoteca Pildrinha, no Furadouro, onde estou a criar dois estúdios de produção e salas de ensaio onde vou preparar as minhas tournées. Os estúdios vão estar equipados para locução de anúncios e para dobragens de filmes. Além deste estúdio, vou criar uma escola de música para jovens que queiram aprender música e instrumentos. Quero ajudar miúdos que querem aprender mas que não têm possibilidades económicas. Se tiverem talento não ficam sem aprender mesmo que as famílias não tenham possibilidades. Quero ajudar estas crianças que queiram aprender e tenham talento.
Quando é que está agendada a inauguração do teu projecto? Inicialmente, pensei em abrir no final deste ano, mas as obras atrasaram-se um pouco e já estou a adiar para o próximo ano, talvez em abril ou maio.
Depois de Ovar, vais estar no Europarque. São concertos diferentes? São concertos totalmente diferentes. Este de Ovar é totalmente eléctrico enquanto os do Europarque são num formato mais intimista, comigo e apenas mais dois músicos à viola e ao piano. Um não invalida os outros. Serão até complementares.
Como vai ser o Natal do Fernando Daniel? Se não tivesse o projecto do estúdio para terminar, teria feito um disco de Natal. No entanto, vou lançar uma música nova em dezembro que mostra muito do que vai ser o próximo disco. Aliás, o teledisco será gravado, em parte, em Ovar. É uma música que vai desvendar a sonoridade que aí vem.
A tua ascensão em Portugal leva-te a espreitar a possibilidade de entrar noutros países, nomeadamente, latinos? Eu e a minha editora tentamos furar o mercado lá fora, mas o nosso país é pequeno e é muito difícil. Mas a ideia é ir tentando. Gosto de cantar em português, não me atrai cantar em inglês ou espanhol, mas o mercado latino está muito forte mundialmente. Este disco novo e este formato que ele vai apresentar podem abrir portas e quem sabe se surge qualquer coisa. Mas eu não penso que o público português esteja conquistado, porque sei que é preciso ir apresentando sempre trabalho, fazer muitos concertos, temos sempre que fazer coisas novas e nunca pensar que já fiz tudo e está tudo adquirido. Defendo que é a cantar em português que deve ser possível furar outros mercados assim comos os do outro lado chegam cá e vencem na sua língua.
No dia 18, vais estar nos Estados Unidos da América, nos IPMA – International Portuguese Music Awards como convidado..[/highlight] Vou parar as gravações do videoclip para me deslocar a Boston. Viajo com a minha equipa para realizar um ‘showcase’ nos IPMA numa oportunidade para mostrar como é cantar em português para tanta gente, não só emigrantes portugueses, mas também para muita gente ligada à música internacional. É uma oportunidade para mostrar o meu trabalho a pessoas diferentes.