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Dia do médico de família! Sabia que Medicina Geral e Familiar é uma especialidade médica?

A Medicina Geral e Familiar (MGF) é sim, uma especialidade médica! Em Portugal foi oficialmente reconhecida como tal, a partir de 1990, pelo Decreto-Lei nº 73/90.

Embora haja diferenças na organização dos sistemas de saúde, em 2002 foi criada a definição europeia de MGF pela World Organization of Family Doctors (WONCA) para uniformização e compilação da disciplina de MGF.

A MGF é, pois, uma especialidade médica que conduz à formação do Médico Especialista em MGF. É uma especialidade que aborda o doente como um todo, em todas as suas dimensões (biológica, psicológica e social). O médico de família acompanha, no fundo, a pessoa e a família em todas as fases da vida, desde nascimento até à velhice, com todas as necessidades inerentes. A MGF é, pois, uma medicina personalizada.

Mas antes de se tornar Médico Especialista em MGF há um longo percurso a percorrer!

Numa primeira fase é necessário completar o curso de Medicina (atualmente e de forma generalizada em Portugal, o Mestrado Integrado em Medicina). Após completarem este mestrado todos os recém-médicos têm de passar por uma prova escrita, a nível nacional, designada de Prova Nacional de Acesso (PNA), através da qual, todos os examinandos são
seriados para a escolha da futura especialidade.

Iniciamos o internato médico com um ano de Formação Geral num hospital, onde contactamos com as mais diversas áreas: Medicina Interna, Cirurgia Geral, Pediatria, Medicina Geral e Familiar e Saúde Pública.

E após todo este percurso… chegamos finalmente ao internato médico de Formação Específica. Consoante a nota da PNA e a média final do curso, ficamos ordenados numa lista a nível nacional e, por ordem, escolhemos a especialidade e local onde a queremos realizar.

No caso da Medicina Geral e Familiar, optamos pela Unidade de Saúde Familiar (USF), Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) ou Centro de Saúde (CS) consoante as vagas existentes.

Quando integramos a equipa na unidade que escolhemos, é-nos atribuído(a) um(a) orientador(a) que, tal como o nome indica, nos orientará durante todo o percurso. É com ele(a) que partilhamos a lista de utentes e será a pessoa que nos transmitirá a arte de ser médico de família.

E, assim, começa a maratona com duração de quatro anos. Durante este tempo, temos um cronograma no qual, para além do trabalho na USF, UCSP ou CS, está planeado trabalho hospitalar. Este engloba áreas como a Saúde Infantil e Juvenil, a Saúde da Mulher, a Saúde Mental e horas no Serviço de Urgência, entre outras pelas quais optemos, consoante as lacunas de conhecimento que tenhamos ou as áreas de interesse pessoal. Esta formação hospitalar é importante para contactarmos com as mais diversas doenças e aprendermos a orientar problemas que surgirão no nosso dia-a-dia como futuros médicos de família.

Adicionalmente, integramos também projetos de investigação, trabalhos de melhoria dos serviços e apoios à comunidade, elaboramos apresentações e programas de educação para a saúde para a população e actualizamo-nos com a realização de cursos e formações. Afinal, o médico de família integra em si a promoção de saúde, prevenção da doença e a prestação de cuidados curativos.

Começamos desde o início a aprimorar a relação médico-doente, ao integrar as necessidades da comunidade que servimos diariamente, tentando estreitar a distância entre o consultório e o utente.

No final de cada um dos anos somos avaliados com provas regionais ou nacionais. Quando finalmente atingimos a meta – no final do quarto ano – temos uma prova que engloba uma parte prática, uma parte teórica e uma discussão do nosso currículo, no qual descrevemos todo o trabalho desenvolvido ao longo dos quatro anos.

O internato é recheado de desafios, envolvendo trabalho árduo para que todos os dias consigamos fazer o melhor pelos nossos utentes. Assim, quando vir algum colega de bata branca ao lado do seu médico de família, poderá ser um aluno de medicina, um médico no primeiro ano de formação ou um médico no internato de MGF!

Alexandra Rodrigues
e Soraia Osório

Médicas Internas de Formação Específica em Medicina Geral e Familiar
USF João Semana

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