O Natal primaveril de Anastacya em Ovar
Tiago Sousa e Tânia Pinto proporcionaram festas felizes a menina ucraniana
O principal objectivo do programa Verão Azul era interromper o ciclo de radioactividade a que muitas crianças ucranianas estão sujeitas diariamente, durante todo o ano, proporcionando-lhes umas férias num ambiente mais saudável.
Também se pretende melhorar a sua qualidade de vida e abrir perspectivas para uma vida melhor, de preferência longe do local onde ocorreu o pior desastre nuclear a que o mundo assistiu, há 33 anos, e onde a radioactividade é ainda uma ameaça e continuará a contabilizar vitimas nas próximas décadas.
Graças ao casal Tiago Sousa e Tânia Pinto, em Ovar, o Natal de Anastacya Komarenco já foi azul e com temperaturas primaveris. São eles que a acolhem, há sensivelmente seis anos, normalmente no verão, proporcionando-lhe contacto com o iodo das nossas praias, de modo a que reforce os seu sistema imunitário e permaneça mais algum tempo longe das radiações.
Em Ivankiv, de onde vem, na região proibida em redor de Chernobyl, cidade ucraniana cuja central nuclear explodiu em Abril de 1986, a morte é lenta e invisível.
O projecto tinha inicialmente a chancela da Liberty Seguros, mas mesmo depois do seu fim, o casal vareiro não desistiu de manter a experiência de férias em Portugal que, segundo alguns estudos, sendo longe da radioactividade da sua terra natal, pode valer às crianças de Chernobyl mais um a três anos de vida.
Depois do fim do apoio, e apesar de ter visto a sua família crescer com o nascimento de um bebé, o casal vareiro manteve a sua casa aberta para a menina ucraniana e ainda reforçou a sua hospitalidade.
Depois de ter tomado contacto com a dura realidade de onde vem Anastacya Komarenco, o casal confirma que dá por si a ansiar pelas férias com ela. “As horas de viagem não são nada, pois já a consideramos como filha e o momento do reencontro é sempre uma emoção”. Não são necessárias palavras para descrever o abraço sentido da partilha e a emoção do reencontro patentes na nossa foto principal. Foram uns segundos apenas, mas valeram por semanas ou meses de distância.
“Continuamos a proporcionar, com o mesma emoção da primeira vez, uma experiência única, num ambiente saudável, que permite que esta criança recupere dos efeitos nocivos provocados pelo acidente nuclear”. Há seis anos que Tiago e Tânia abraçaram a iniciativa e dizem que “é muito gratificante saber que ela quer sempre regressar e até já fala português, mas as crianças entendem-se sempre sem qualquer problema”.
Quando a Liberty apoiava a iniciativa Verão Azul, chegaram a deslocar-se a Portugal mais de trinta crianças. Este ano, em contraponto, vieram apenas quatro para passar o Natal em lares portugueses até regressarem ao país de origem, a 15 de Janeiro. Muitos desistiram perante as adversidades, mas o casal Tiago e Tânia resistiu: “Acreditamos no bem que se faz ao próximo”.