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A catarse de Rui M. Silva mais de vinte anos depois

O actor vareiro Rui M. Silva idealizou o projecto, desafiou o Afonso Cruz para a escrita e, agora, vai levar ao palco e interpretar um “papel” especial, para ele e para a ‘Equipa’.

Se Rui M. Silva é uma cara conhecida do público ovarense do basquetebol e, mais recentemente, dos palcos e das novelas, já o mesmo não se pode dizer de Afonso Cruz.

Afonso Cruz é um multi premiado autor de mais de três dezenas de livros publicados em várias línguas, como “Jesus Cristo Bebia Cerveja” ou “Para Onde Vão Os Guarda-Chuvas”.

Ao estilo renascentista, Afonso é também ilustrador, cineasta de animação, músico da banda “The Soaked Lamb” e produz cerveja. Em abril lançou ‘O Vício dos Livros’, que fala sobre o amor e o ódio aos livros e as histórias que surgem a partir daí.

O escritor que se mudou há 12 anos de Lisboa para um monte alentejano confessa que a pandemia lhe criou um ‘engarrafamento literário’. O seu próximo romance deverá sair este verão, com um enredo que nos remete para o início dos anos 60 e a construção do muro de Berlim.

Entretanto, co-escreveu “A Equipa”. Um privilégio. Quando o Rui lhe ligou a convidar para o projecto, Afonso disse logo que sim. “Gosto da sensação de ócio quando escrevo. Por vezes sofro um pouco com a escrita. Mas entrego-me a esse sofrimento com prazer.”

Rui M. Silva não esconde que este projecto lhe reavivou muitas memórias, recordações e estórias do passado, do tempo em que jogava basquete na rua, dos treinos e das emoções na “caixinha de fósforos”. A perda também é transversal. “Esta é uma história que eu quis sempre contar”. É uma catarse, no fundo, de algo que aconteceu há mais de vinte anos.

Afonso Cruz e Rui M. Silva construíram uma peça que fará vibrar e emocionar os ovarenses. “O que custa é erguer-nos, dar passos, saltar. (…) E insistir, porque não há nada mais fácil do que nos rendermos ao chão. (…) Temos uma pergunta que se agita como se fosse um par de asas: e se? E ao imaginar uma resposta, já batemos com a cabeça no voo de um pássaro. E se?”

A questão que se lhe colocou, confessou Rui num recente encontro com amigos e ex-praticantes da modalidade, promovido pelo Centro de Arte de Ovar, foi: “Como contar uma história de um grupo de pessoas? E como tornar universal e simbólica uma história verídica? Este espetáculo é uma espécie de celebração por termos chegado até aqui. Todos!”

O actor, que é (para quem não sabe) natural de Ovar e antigo praticante de basquetebol no clube da terra, sublinhou que este trabalho “é também um elogio a um grupo de pessoas que jogaram basquetebol e que experimentaram, através do desporto de equipa, uma organização social, que ergueram valores solidários, que partilharam a emoção da vitória, da derrota e também da perda de alguém, e que através desta experiência do coletivo se edificaram como cidadãos”.

Em “A Equipa” pretende-se reflectir sobre a amizade e a entreajuda, sobre a competitividade e a ambição e sobre o futuro e a utopia. Valores que a pandemia veio entorpecer mas não consegue destruir.

Com texto original de Afonso Cruz e criação e interpretação de Rui M. Silva, “A Equipa” tem Coprodução da Dentro do Covil e Centro de Arte de Ovar.

One Comment

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