Medir o metabolismo regional através da economia circular
Medir o metabolismo regional, analisando as dinâmicas e os fluxos de economia
circular, é possível. Investigadores do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar
(CESAM) e do Departamento de Ambiente da Universidade de Aveiro (UA)
criaram um modelo que permite promover o uso eficiente de recursos e a
transição para uma economia de baixo carbono e que se destaca por ser
amigável.
Metabolismo num organismo vivo, já se sabe, é o conjunto de transformações que as
substâncias químicas sofrem no interior de um organismo, reações essas que são a
base da vida. Analisar as dinâmicas e os fluxos de recursos num território, medindo a
aproximação ao conceito de economia circular, sabendo-se que esta é uma das vias
para a sustentabilidade, também é possível.
Neste sentido, a pedido da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional
do Alentejo (CCDR Alentejo) que pretendia delinear um plano de ação regional para a
Economia Circular, investigadores do Departamento de Ambiente e Ordenamento
(DAO) da UA desenvolveram um novo modelo. O REMET-UA (“REgional METabolism
– University of Aveiro”), explica a coordenadora do estudo, Sandra Rafael
(DAO/CESAM/UA), analisa o fluxo de materiais, água e energia de uma determinada
área ou empresa, o que permite promover simbioses industrias e criar sinergias entre
vários sectores da região, como a taxa de valorização e inserção na economia de
resíduos industriais.
“O modelo apresenta-se como uma ferramenta que permite colocar em prática o
conceito de economia circular, não mede a sustentabilidade mas analisa a capacidade
de a atingir, uma vez que promove o uso eficiente de recursos, associado à suficiência
energética, a redução de desperdício e da pegada de carbono que são contributos
importantes para a sustentabilidade”, considera a investigadora. Para além disso,
estas características da economia circular, contribuem ativamente para a mitigação
das alterações climáticas por via da redução da emissão de gases de estufa
(sobretudo de dióxido de carbono).
Sandra Rafael destaca algumas mais-valia do modelo: “O modelo é aplicável noutras
regiões ou municípios; não é um modelo matemático puro e duro, é amigável, corre
em ambiente Windows, podendo ser aplicado pelos funcionários da entidade a quem
cabe a gestão da região ou município, mediante formação”.
A coordenadora salienta ainda que este trabalho representa uma forma de aplicação
do conceito de economia circular, “um conceito ainda novo que políticos ou altos
dirigentes da administração pública podem ter dificuldade em transpor para a prática”.
O trabalho foi desenvolvido pela equipa do Departamento de Ambiente e
Ordenamento da Universidade de Aveiro em colaboração com a SIMBIENTE e a
Quaternaire Portugal.