52% dos consumidores compram já produtos sustentáveis
O forte impacto da crise sanitária na economia – cuja dimensão ainda está longe de ser totalmente avaliada – direcionou as preocupações das empresas para outras questões, para lá das preocupações ambientais. Apesar de terem sofrido um impacto acentuado, 72% dos portugueses estão otimistas e acreditam que as empresas irão acelerar as medidas para a transição ecológica, de acordo com o estudo sobre Transição Ecológica realizado pelo Cetelem – BNP Paribas Personal Finance em parceria com o CCEF. Esta opinião é reforçada pelo facto de 80% de cidadãos considerarem que a pandemia acelerou a urgência destas medidas para evitar uma futura crise ambiental que poderá ter efeitos similares.
Contudo, para acelerarem mais esta transição, é essencial que os consumidores optem cada vez mais por produtos e serviços sustentáveis. Um caminho que parece estar a ser trilhado, quando 9 em cada 10 inquiridos confirmam valorizar produtos, empresas e marcas sustentáveis. No entanto, no momento de comprar só 11% afirma escolher exclusivamente empresas e produtos sustentáveis face a outros que não o sejam. Ainda assim, existe já uma maioria de consumidores (52%) que dizem já adicionar algumas vezes estes produtos ao seu carrinho de compras.
Neste contexto, uma das exigências feitas por 76% dos consumidores inquiridos é que, para poderem escolher melhor quando fazem as suas compras, é fundamental que, cada vez mais, mais produtos e serviços tenham um certificado ambiental para que possam rastrear a origem e a qualidade dos produtos.
74% dos consumidores não querem pagar mais por ser sustentável
Apesar de existir uma crescente procura e valorização de produtos mais sustentáveis, o que leva a este misto de interesse manifesto em produtos sustentáveis, que não se traduz na aquisição tantas vezes quanto seria desejável? Os dados revelam que 74% dos inquiridos não pretende pagar mais por produtos e/ou serviços sustentáveis. As consequências económicas que poderão advir da crise sanitária poderão justificar em parte esta realidade porque 92% consideram que a sua disponibilidade financeira para comprar produtos/serviços sustentáveis é reduzida.
Ainda assim, comparando com anos anteriores, existem cada vez mais consumidores disponíveis para pagar mais por estes produtos (26%, mais 15 pontos percentuais face a 2019). No entanto, 13% destes inquiridos declara estar disponível apenas para pagar até mais 5% por um produto que seja sustentável; 10% estaria disponível para pagar 5% a 10% a mais do preço; e só 3% estaria disponível para pagar mais que este valor – respostas que pertencem a pessoas das classes mais elevadas, em idade ativa e residentes nas cidades.
Os dados do inquérito indicam ainda um aumento do nível de consciência, com metade (51%) a afirmar estar mais preocupada com as alterações climáticas do que há 5 anos. Assiste-se também a uma grande preocupação em relação ao futuro, no entanto, os inquiridos acima dos 55 anos dizem-se pouco preocupados, considerando que se dá demasiado ênfase às questões climáticas. Esta consciência ambiental é mais evidente nos jovens, entre os 18 e os 34 anos, que se revelam também mais preocupados com o impacto destas alterações no presente.