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A ver filmes no Dia Nacional do Cine-Clube

O dia do Cineclube comemora-se esta quarta-feira, dia 14 de abril, mas o Cine-Clube de Avanca celebra-o no dia 15, quinta-feira, com a transmissão dos filmes “O que Teria Acontecido ou Não Naquela Calma e Misteriosa Tarde de Domingo no Jardim Zoológico”, dos realizadores brasileiros Allan Souza Lima e Gugu Seppi e “O Lápis que Não Sabia Escrever “produzido num atelier de animação pelo Espalhafitas – Cineclube de Abrantes. Estes filmes serão exibidos em direto na página do Facebook do Cine-Clube de Avanca, pelas 21h.

Na comemoração deste dia, a Federação Internacional de Cineclubes, divulgou um texto que assinalando a efeméride, faz uma viagem pela história deste movimento de cinema e cultura.

Completam-se 114 anos desde a criação do primeiro cineclube em Paris. Em Portugal o papel dos cineclubes, foi de grande relevância a nível político e cultural.

Durante o salazarismo a cultura era uma actividade de resistência antifascista por mostrar o mundo tal como ele era, mas também de como deveria ser com direitos, deveres e liberdade.
O cinema através da grande capacidade de comunicação foi contra a ditadura.

O cineclubismo foi revolucionário, pela sua natureza. Os Cineclubes são espaços sem fins lucrativos que contribuem de forma democrática e educativa, estimulando as pessoas a assistirem a obras audiovisuais contactando com diferentes cinematografias, narrativas, estéticas e culturas.

O movimento cineclubista deve-se manter e fortalecer, não só em Portugal, mas também no mundo. A Carta de Tabor, proclamada em 1987 pelos Cineclubes de todo o mundo define os Direitos do Público, direitos por que se luta e que se pretendem estabelecer como bases da atuação cineclubista de forma universal. A comemoração deste dia envolve a defesa da cultura e do Cinema, como manifestação de direito de escolha e de acesso à diversidade da produção cinematográfica, o direito de se educar, de ser livre e de ser independente.

Dia do Cineclube: Comunicado do Presidente da Federação Internacional de Cineclubes

Em boa hora a direcção da Federação Portuguesa de Cineclubes propôs a realização do Dia Nacional do Cineclube, comemorado pela primeira vez em 2019, e proposto à FICC – Federação Internacional de Cineclubes para o seu estabelecimento internacional, onde será objecto de apreciação.

Completam-se nesta data 114 anos da criação do primeiro cineclube e, 38 anos menos um dia depois, da criação do primeiro Cineclube Português – o Cineclube do Porto. Cruzam-se histórias de resistência e luta, de cultura e cinema.

A criação do primeiro cineclube em Paris, em 1907, por Edmond Benoit-Lévy, abriu o primeiro capítulo da história do movimento cineclubista, fundamental na cultura do século XX. O movimento começa a ganhar expressão primeiro na Europa e, depois, na América Latina nas décadas seguintes. A criação da FICC – Federação Internacional de Cineclubes, em Outubro de 1947, durante o Festival de Cinema de Cannes possibilitou a articulação e cooperação internacionais, a partilha de experiências, a circulação de filmes e o reconhecimento entre pares do trabalho desenvolvido em cada nação.

Os Cineclubes são colectivos populares, próximos do público, envolvidos com o público. Garantindo a diversidade cultural e são pontos fundamentais formação e divulgação da cultura cinematográfica. Os Cineclubes são um espaço democrático, participado e enquadrado na sua comunidade, capaz de activar envolvimento e cumplicidade, partilha e aprendizagem, valorizando o Cinema e as Pessoas.

O Dia do Cineclube pode parecer um mero evento comemorativo, mais do que isso, deve ser um momento para reflectirmos sobre a importância dos Cineclubes, o seu papel na comunidade em que se inserem e a sua diferenciação sobre outros exibidores de cinema, ainda que não comerciais.

Na actualidade e nos tempos conturbados que vivemos, somos confrontados com a forçada individualização e limitação da nossa vida cultural e social. O quadro de pandemia é um desafio à manutenção da nossa comunidade cineclubista e, importa reflectir, à definição do nosso papel após a pandemia. Será de relevar a sua importância no retorno às salas, na saúde colectiva e numa actividade que consiste, fundamentalmente, em juntar pessoas para assistir, apreciar e discutir o Cinema.

O esforço subsequente terá de ser o de construir pontes, preservar e desenvolver a unidade, no respeito pela identidade de cada Cineclube e de cada pessoa envolvida. Uma unidade feita de diferenças e de respeito pelos muitos pontos de vista sobre o cinema, a actividade de cada Cineclube e a defesa intransigente do direito à participação pública no quadro institucional nacional. Unidos por objectivos comuns a todos os Cineclubes no mundo inteiro: organizar, servir e lutar pelos direitos do Público e pela Cultura Cinematográfica.

A Carta de Tabor, proclamada pelos Cineclubes de todo o mundo em 1987, define os Direitos do Público, direitos por que se luta e que se pretendem estabelecer como bases da actuação cineclubista de forma universal. Permitir ao público o direito de escolha e de acesso à diversidade da produção cinematográfica, o direito de se educar, de ser livre e de ser independente.

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