Nos tempos que correm, e a propósito do Dia Mundial da Pneumonia, é importante lembrar que a pneumonia mata 16 pessoas por dia em Portugal, e 11 mil pessoas por mês em contexto europeu, segundo dados internacionais e portugueses. A tendência é que estes números continuem a evoluir, devido à atual pandemia que vivemos.
A pneumonia é um quadro de infeção respiratório grave, por atingir uma parte importante do pulmão – o parênquima pulmonar –, correspondente à área onde se efetuam as trocas gasosas, fundamentais para a manutenção da vida. Pode ser desencadeada por diversos microrganismos, dos quais se destacam as bactérias e os vírus. Estes últimos têm ganho particular destaque, uma vez que o SARS-CoV-2 pertence à família de agentes virais causadores desta patologia. De salientar ainda, que para além do vírus SARS-CoV-2, o pneumococo era, e continua a ser, o principal agente responsável por pneumonias a nível mundial. Trata-se de uma bactéria, que em muitos casos, pode ser letal.
Na maior parte dos casos, a pneumonia ocorre quando os mecanismos de defesa da pessoa estão enfraquecidos. É por isso que hoje, mais do que nunca, há uma preocupação acrescida com os grupos de risco, de que fazem parte ou pessoas com problemas respiratórios graves, os doentes oncológicos, obesos, idosos, entre outros. No caso da COVID-19, infeção causada pelo SARS-CoV-2, a maior parte das pessoas infetadas apresentam apenas sintomas ligeiros como febre, dores no corpo e tosse, ou podem mesmo não apresentar qualquer sintoma. No entanto, em cerca de 5% dos doentes pode haver um agravamento do quadro, levando a pneumonia, o estádio mais grave da COVID-19.
Qualquer que seja o agente causador de pneumonia, os sintomas manifestam-se habitualmente na forma de febre e calafrios, muitas vezes acompanhados de dores de cabeça e musculares, tosse com ou sem expetoração, dor torácica e dificuldade respiratória, que pode mesmo resultar na sensação de falta de ar. A pneumonia pode ainda evoluir para mais complicações, como a insuficiência respiratória, os abcessos pulmonares (coleções de pus no pulmão), a bacteriemia, (que ocorre quando as bactérias causadoras da pneumonia se disseminam para a corrente sanguínea e provocam infeções que podem afetar outros órgãos), ou ainda o derrame pleural, (que se traduz pela existência de líquido ou mesmo de pus nos pulmões).
Para um adequado diagnóstico e identificação das principais causas de pneumonia, existem os testes laboratoriais em que são mais comuns as colheitas de expetoração e as secreções respiratórias. Já os testes específicos servem para identificar determinados agentes, como bactérias ou vírus respiratórios. Para este efeito, recorre-se às técnicas de biologia molecular, como é exemplo as de PCR, que recentemente ganharam popularidade e permitem identificar vírus como a COVID-19 ou a gripe, ou a bactéria Legionella.
A melhor forma de se proteger passa por alguns conselhos já amplamente divulgados, mas que, por vezes, temos tendência a descurar. Proteja-se das diferenças de temperatura bruscas; desinfete e lave as mãos com frequência; e alimente-se de forma adequada. Muitas das bactérias alojam-se na boca, por isso, melhore a sua higiene oral, lavando os dentes com frequência e, se possível, utilize um elixir bucal. As próteses dentárias removíveis podem ser um agente propagador de bactérias, desinfeta-as com produtos próprios. Este processo vai ajudá-lo a prevenir-se de infeções.
Naturalmente que as formas de nos protegermos da pneumonia causada pela COVID-19 ou pela gripe são amplamente conhecidas, sendo semelhantes para as duas infeções.
A juntar a estas medidas, a vacina contra a gripe é sempre uma medida importante, particularmente importante este ano, em que poderão co-circular os dois vírus, SARS-CoV-2 e gripe. Ainda se vai a tempo para esta vacinação…
Paulo Paixão, Médico Virologista da SYNLAB Portugal e Presidente da Sociedade Portuguesa de Virologia