Um novo paradigma e uma nova viagem – Sérgio Lamarão Pereira
Um novo paradigma se inicia e uma nova viagem recomeça. Uma viagem introspetiva, um projeto. Uma viagem efetuada por alguém que ao longo dos dias da semana, das semanas, vai dando voz ao seu interior num monólogo permanente. Um monólogo por quê? Porque nestas sociedades contemporâneas, devido à força desmedida da economia, dos objetivos a cumprir e de valores duvidosos, ninguém o quer ouvir. Só os resultados percentuais e objetivados parecem fazer sentido. Onde o Ter se sobrepõe claramente ao Ser. Todavia, insiste, pois julga ser fundamental repensar o Homem, a condição Humana.
Os acontecimentos que servem de assunto a esta narrativa e outras narrativas futuras passam-se numa cidade, num país. Poderia ser uma qualquer cidade com os seus defeitos e com as suas virtudes, mas é a minha cidade. Uma cidade alicerçada nalguns sofismas e nalgumas falácias. Uma cidade cara e praticamente sem valências!
Em si mesma esta cidade é bela. O seu centro histórico é calmo e soalheiro, transmitindo alguma serenidade e paz de espírito. No geral, o seu aspeto é simpático e sedutor. As casas mais antigas com as suas fachadas cobertas por azulejos atribuem uma beleza notável, contrastando com os edifícios altos e recentes. Algumas casas apresentam um aspeto pobre. Outras “aparentemente ricas e espaçosas”. São imensas as que estão à venda criando um cenário triste, reflexo das dificuldades quotidianas. Os tempos são de crise, em que muitos infelizmente perderam a sua fonte de rendimento.
Alguns passeios esburacados e outros cobertos por pedras de basalto enaltecem o caminhar dos transeuntes. Por aqui tudo parece calmo! Algum lixo vagueia livremente pelo chão empurrado pelo vento. Neste aspeto é uma cidade suja! A falta de civismo é notória, tal como a falta de limpeza! As ruas apresentam o contraste entre os paralelos (cubos) e o alcatrão. Os paralelos (cubos) são duradouros, mas não são cómodos. O alcatrão é cómodo, mas não é duradouro. O pão-de-ló é deveras conhecido. Os jardins muito belos, coloridos e cuidados. Já o rio que a esventra corre sujo e poluído, onde patos e ratos além de carregarem as suas pestes se refrescam tomando banhos de prazer e sujidade.
É a minha cidade! A nossa cidade! Terra de pescadores, agricultores, artesãos, comerciantes e alguns industriais. Uma cidade comercial, mas onde o comércio já conheceu melhores dias. Quanto à indústria é escassa, cada vez mais rara. A que subsiste encerra ou parece deslocar-se.
Para mim, o Homem é o herói desta história! É, talvez, por esse motivo que vou resistindo a mim próprio!
Acompanhem-me nesta viagem…
Sérgio Lamarão Pereira
28.06.2020