Vareiro ajuda a combater efeitos da pandemia em São Paulo
Quando o Brasil tem mais de 35 mil mortos pela covid-19 contabilizados, o presidente Jair Bolsonaro confirmou que a divulgação de dados sobre o impacto das infecções pelo novo coronavírus vai ser restringida. As primeiras mudanças já foram visíveis no boletim diário do Ministério da Saúde divulgado na passada sexta-feira, bem mais tarde que o habitual e só trazia o número de doentes recuperados, novos casos e mortes nas últimas 24 horas. Os números totais de doentes e mortes desapareceram.
Este domingo, terminou em confrontos a manifestação contra o presidente Jair Bolsonaro que decorreu na Zona Oeste de São Paulo. A polícia teve de intervir para impedir a passagem dos manifestantes que seguiam rumo à Avenida Paulista, onde se reuniam manifestantes pró-Bolsonaro.
Paulo Branquinho, engenheiro civil na empresa Ruddlof, vive em São Paulo, Brasil, há dez anos e tem acompanhado de perto a situação na cidade e no país, com algum receio. Inicialmente, mesmo longe, preocupou-se com as notícias da terra natal, o cerco sanitário que confinou a sua família. Felizmente, hoje, a situação em Ovar tende a normalizar-se e ele descansou, mas agravou-se no país de acolhimento.
“Não entro em pânico, porque a cidade de São Paulo tem mais de vinte milhões de habitantes e, portanto, tudo ganha uma dimensão que não há em Portugal”. Mas está atento, pois a pandemia tem vindo a deixar a nu algumas das debilidades do presidente Bolsonaro e o país está cada vez mais dividido, no que considera tratar-se de “aproveitamento político por parte da oposição que apenas visa derrubar o presidente, não se importando com a pandemia”.
Paulo Branquinho admite que a crise sanitária está a ter efeito directo na vida política, mas não embarca, no entanto, na crítica fácil. “Bolsonaro não é um político preparado para o cargo, mas uma coisa é certa: se ele ordenasse um lockdown total não sei o que seria deste país”. “Não podemos esquecer que o Brasil tem milhões de pessoas a viver na pobreza e, como dizem aqui, essas pessoas tem de vender o almoço para pagar o jantar”.
“Com a pobreza absoluta, a violência vai disparar e, no Brasil, apesar da diminuição de casos de mortes violentas na era do presidente Bolsonaro quando comparado com o Governo do ex-presidiário Lula, esse aumento ainda foi de 56,6, mortes, em 2017”-
Branquinho conhece a fundo a cidade e tem-se empenhado em acções de solidariedade que são promovidas pela empresa. “A cada duas semanas, elegemos uma comunidade, conhecidas como favelas em Portugal, e entregamos uma centena do que aqui chamam cestas básicas, ou seja, bens alimentares para uma família durante uma semana”.
“Entregamos também nesse kit, álcool em gel, máscaras, instruções de como evitar o contágio e entregamos também uma flor e um brinquedo”.
Ele conta que é duro verificar que surgem cada vez mais famílias famintas em busca da cesta. “Se levássemos 200 ou 300 surgiriam ainda mais pessoas. “A situação económica da grande maioria da população é difícil e se piorar por causa da pandemia o futuro vai se difícil aqui”.
Sobre a Ruddlof
A Ruddlof foi criada nos anos 1960 e especializou-se em produtos e serviços de protensão de estruturas, movimentação de cargas pesadas, emendas mecânicas de barras de aço e aparelhos de apoio para a construção civil. A partir de 1985 passou a realizar serviços de usinagem, em materiais como aço, aço carbono, aço inoxidável, alumínio, cobre e latão para uso em obras no Brasil e não só.
Motivada pelo forte crescimento do sector de energia renovável, a empresa entrou neste mercado em 2016, fornecendo componentes metálicos e sistemas de protensão e aterramento para torres eólicas de betão.
Fotos: Paulo Branquinho