Não vão aparecer nos balanços diários das vítimas ou afectados pelo Coronavirus no concelho. Mas quando se fizer a contabilidade final da doença não nos devemos esquecer dos que se viram privados do seu ganha-pão.
Amanhã, quando os restaurantes tiverem autorização para reabrir, também para reactivar a economia na cidade de Ovar, há, pelo menos três que não abrirão as suas portas, tendo já confirmado o seu encerramento definitivo, mas há quem garanta que os números não se ficarão por aqui. São as outras vítimas da Covid-19.
O restaurante “João da Vareirinha” já anunciou o encerramento. O casal que geria o espaço agradece todas as manifestações de carinho neste momento complicado e espera que “guardem de nós a lembrança dos aromas e sabores que proporcionámos ao longo dos anos”.
O espaço, que até aqui era acolhedor, agora não permite reunir o número de clientes que rentabilize um negócio cujos custos das exigências sanitárias literalmente explodiram. Vamos ter saudades da comida e da simpatia do “Senhor João” cujo apelido “Vareirinha” ficou por ter sido vários anos um dos rostos do restaurante com esse nome, que foi uma referência em Ovar.
O restaurante Alquimista é outro que não vai abrir. Inaugurado há pouco mais de um ano, ali junto à Câmara Municipal de Ovar, já não vai abrir mais. Foi com muita tristeza que o Chef Renato Santos confirmou a notícia.
“Fiz todas as contas possíveis, mas não dava”, explicou Renato Santos. “O restaurante tem uma lotação pequena e ter que trabalhar a um terço da capacidade não me dava a mínima possibilidade de rentabilizar o suficiente para pagar custos fixos. Ordenados nem pensar”.
Agilizar um serviço de ‘take away’ também nunca esteve em cogitação, uma vez que todo o serviço e ‘glamour’ pelos quais o restaurante era conhecido se perderiam irremediavelmente.
“É com muita amargura que me vejo obrigado a encerrar este espaço, também porque nunca tive nenhum apoio local ou nacional para projectos como o meu nesta situação do covid-19”, aponta, com alguma amargura o Chef, um sentimento partilhado pelos muitos admiradores que a sua cozinha alegre e sofisticada tinha conquistado.
Esperando estar enganado, Renato Santos lembra que “Ovar já era uma cidde muito deserta e agora ficou muito pior, sem falar que vivia dos turistas que a cidade ainda cativava, mas receio que o estigma criado por esta crise sanitária para as nossas gentes vai levar anos até ser sanado”.
O restaurante fechou, mas o projecto não acabou e quem sabe, um dia, poderá reabrir neste ou noutro espaço para gáudio dos nossos palatos.
Outro espaço que já anunciou o seu encerramento é o Coffee House, situado na urbanização Pinhal do Furadouro.