Covid-19

“Mãos Solidárias” oferece mais de 440 refeições por semana

“Mãos Solidárias” é um projecto promovido pela paróquia de Ovar com recurso a 24 voluntários e donativos de várias entidades. Neste momento, no contexto da pandemia, está já a distribuir mais de 440 refeições por semana.

Actuando apenas no município, o programa existe há vários anos, mas registou um acréscimo de solicitações após as primeiras semanas de cerco sanitário a que Ovar esteve submetido.

“Quando o cerco começou até pensámos fechar porque grande parte das voluntárias são senhoras de idade que integram o grupo de risco da covid-19. Mas acabámos por nos manter sempre em funcionamento e, se nas primeiras semanas demos menos refeições porque as pessoas estavam fechadas em casa e tinham medo de sair, depois voltou tudo ao normal e até passámos a ser mais procurados”, disse a assistente social Sandra Santos, que trabalha ‘pro bono’ no projecto.

A actividade mais recente do “Mãos Solidárias” envolve sobretudo refeições diárias em regime “take away” – a cantina está fechada para evitar a logística sanitária que o seu funcionamento ao público implicaria no contexto actual da pandemia – e reflecte também a distribuição de
cabazes alimentares semanais por famílias ou indivíduos que, embora sem condições físicas ou logísticas para se deslocarem ao espaço paroquial, têm meios próprios de cozinhar esses bens.

Assim, antes do cerco a equipa da paróquia disponibilizava 68 refeições a cada 24 horas e juntava-lhes ainda oito cabazes semanais com bens suficientes para confeccionar um total de 33 menus, o que, em cinco dias úteis, perfazia o equivalente a 373 ceias. Depois, após um abrandamento da procura devido ao isolamento domiciliário imposto ao concelho a 17 de
março, as refeições aumentaram para 75 por jornada, sete dias por semana, o que, juntamente com os cabazes, passou a representar 558 menus semanais.

“Nessa altura fiquei eu a cozinhar”, revela Sandra Santos, admitindo que nunca se imaginara cozinheira profissional. Antes cabiam-lhe sobretudo tarefas administrativas e logísticas, mas, uma vez decidido que era mais seguro as voluntárias especializadas em culinária permanecerem recolhidas, foi a assistente social a garantir “panelas enormes de frango estufado” e outros pratos de comida quente.

Entretanto, esta semana o Mãos Solidárias voltou a funcionar apenas nos dias úteis, mas vem agora servindo 83 refeições diárias, o que, somando-se às 33 dos cabazes, representa 448 menus por semana – quando, antes do cerco sanitário, eram apenas 373.

Aos sábados e domingo, os utentes do projecto recorrem ao serviço complementar da Santa Casa da Misericórdia de Ovar, cuja cantina social está a disponibilizar 27 refeições por dia e, se anteriormente vinha distribuindo géneros alimentares por 175 beneficiários, agora já apoia
202, segundo revelou hoje o provedor da instituição.

Sandra Santos antecipa, ainda assim, que a situação se deverá agravar nas próximas semanas: “Além de haver mais gente que ficou sem emprego ou com menos rendimento, seja devido a ‘lay-off’ ou ao facto de as crianças em casa representarem mais despesa, também há aqueles que, por vergonha, ainda não assumem que estão com problemas, até que chegam a um ponto em que vizinhos e familiares percebem o que se passa e nos vêm avisar”.

Quase sempre com “resposta no próprio dia”, esses pedidos de apoio alimentar também partem de cidadãos que só recentemente começaram a trabalhar “e ainda estão a refazer a sua vida”, mas entre os beneficiários do projecto destacam-se as famílias monoparentais – em que “só há um salário para sustentar duas, três ou quatro pessoas em casa” – e ainda um
número crescente de sem-abrigos.

“Agora eles são uns 17 ou 18”, adianta Sandra, argumentando que os cidadãos sem tecto passaram a recorrer mais à paróquia por estarem fechados os restaurantes e cafés que antes lhe garantiam algum alimento.
Seja qual for o formato do apoio cedido pelo programa Mãos Solidárias, a despensa do projeto é financiada com subsídios da Câmara Municipal de Ovar e da Junta da União de Freguesias de Ovar, com donativos de particulares e com doações em géneros por parte de superfícies
comerciais e outras empresas.

 

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