Em Lisboa, o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) encontrou 150 mutações do novo coronavírus desde Wuhan, na China, até Portugal, depois de ter começado a sequenciar o genoma, segundo o presidente da instituição.
Até ao fim da semana, o INSA prevê sequenciar 450 amostras do novo coronavírus em Portugal, sendo que, até ao momento, já foram encontradas “150 mutações do coronavírus”, afirmou o presidente do Instituto Ricardo Jorge, Fernando Almeida, durante a conferência de imprensa diária de actualização de informação sobre a pandemia em Portugal.
“Desde Wuhan [na China] até Portugal, o genoma já foi alterado 150 vezes”, acrescentou o responsável.
O estudo, de âmbito nacional, está a ser liderado pelo INSA, contando com a participação do Instituto Gulbenkian da Ciência e do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde.
Segundo Fernando Almeida, a sequenciação do genoma do SARS-CoV-2 permite identificar “a impressão digital deste coronavírus” e perceber se o vírus que saiu de Wuhan “é o mesmo ou se tem outras linhas ou não”.
“Este genoma permite também identificar clara e inequivocamente, num determinado doente que foi infectado com coronavírus, toda a sua linha de transmissão e de onde veio essa linha de transmissão”, salientou o responsável, realçando que esta ferramenta “é muito importante” face à fase de desconfinamento em que o país entrou.
Com este trabalho, os investigadores poderão também perceber se “há linhagens mais severas e mais agressivas” e que poderão constituir motivo de maior atenção no tratamento, explanou.
“É o tempo de ir em busca daquilo que o coronavírus nos pode dar em termos de resposta”, sublinhou Fernando Almeida.
Durante a conferência de imprensa, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, explicou que este estudo, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), pretende sequenciar mil genomas do coronavírus.
A sequenciação do genoma irá permitir “identificar cadeias de transmissão, a escala e a cronologia da transmissão, os pontos de entrada em Portugal” e, com essa informação, “avaliar o impacto das medidas de contenção” e “orientar as medidas a implementar em caso de um novo surto”, referiu.
26 mil casos
Neste dia 06, Portugal registra 1.089 mortos relacionadas com a covid-19, mais 15 do que na terça-feira, e 26.182 infectados (mais 480), segundo o boletim epidemiológico da Direção Geral da Saúde.
Em comparação com os dados de terça-feira, em que se registravam 1.074 mortos, teve um aumento de óbitos de 1,4%.
Relativamente ao número de casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus (26.182), os dados da Direção Geral da Saúde (DGS) revelam que há mais 480 casos do que na terça-feira (25.702), representando uma subida de 1,9%.
A região Norte é a que regista o maior número de mortos (623), seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo (226), do Centro (213) Algarve (13), dos Açores (13) e do Alentejo que regista um caso, adianta o relatório da situação epidemiológica, com dados actualizados até às 24:00 de terça-feira, mantendo-se a Região Autónoma da Madeira sem registo de óbitos.
Segundo os dados da Direcção-Geral da Saúde, 555 vítimas mortais são mulheres e 534 são homens.
Das mortes registadas, 732 tinham mais de 80 anos, 218 tinham entre os 70 e os 79 anos, 95 entre os 60 e 69 anos, 33 entre 50 e 59, 10 entre os 40 e os 49 e um dos doentes tinha entre 20 e 29 anos de idade.
A caracterização clínica dos casos confirmados indica que 838 doentes estão internados em hospitais, mais 20 do que na terça-feira (+2,4%) e 136 estão em Unidades de Cuidados Intensivos, mais dois em relação ao dia anterior, o que representa uma subida de 1,5%.
Segundo os dados da DGS, o concelho de Lisboa é o que regista o maior número de casos de infecção pelo novo coronavírus (1.627), seguido por Vila Nova de Gaia (1.425), Porto (1.266), Matosinhos (1.153), Braga (1.118), Gondomar (1.009), Maia (871), Valongo (729), Guimarães (624), Sintra (669), Ovar (574) e Coimbra (520).