“Estamos a gerir a situação dia após dia”
O comandante dos Bombeiros Voluntários de Esmoriz (BVE), Artur Ferreira, considera que, na actual crise sanitária, em Portugal, reagimos em vez de agir face à ameaça do novo coronavírus e não se tomaram medidas imediatas para mitigar esta pandemia e andamos atrás do problema. “Falhámos, porque estávamos conscientes de que isto estava para acontecer, pois desde Janeiro que esperávamos que o vírus chegasse aos restantes países”, salientou. países. Estive no estrangeiro e fiquei estupefacto quando vi que, na Europa, Portugal era dos poucos países sem casos infecção por CoViD-19″.
Em todos os países por onde passou “havia medidas preventivas e de controlo de quem entrava e saía e nos aeroportos era avaliada a temperatura de todos os passageiros”. Quando entrou “em Portugal não houve qualquer tipo de controlo, nem de avaliação, e isso preocupou-me bastante. Vinha convicto de que no aeroporto me fariam algumas questões sobre a proveniência, sintomas e avaliação de temperatura, mas não me fizeram nada”.
O Governo, o Ministério da Saúde, o INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica) e a Protecção Civil “não estavam preparados”, considera, dando nota que “estamos a gerir a situação dia após dia”.
Ao nível da actuação dos bombeiros, disse que, na Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Esmoriz (AHBVE), estamos “a fazer o que está ao alcance” para proteger os operacionais. “Não temos capacidade para combater o vírus, mas temos de estar protegidos enquanto agentes de protecção civil, para podermos dar apoio ao sistema”, declarou.
Em declarações ao Boletim do AHBVE, lança ainda palavras críticas porque “os bombeiros foram esquecidos neste processo, nomeadamente no que concerne às medidas de protecção individual. Fomos informados sobre os EPI’s que vinham e quisemos comprar mais”.
Aquando da compra de mais equipamentos “deparamo-nos com o insólito, os bombeiros são tidos como um cidadão normal, sem acesso prioritário na aquisição desses materiais”.
Os Bombeiros de Esmoriz têm estado em constante actualização dos procedimentos, “temos preparados os nossos homens e mulheres”, tendo realizado formações sobre o CoViD-19 e os procedimentos a realizar no socorro a utente considerado caso suspeito.
No transporte de doentes não urgentes também foram tomadas algumas medidas, sendo que “actualmente só fazemos os casos considerados críticos”.