Família de Ovar garante “Verão Azul” a menina ucraniana
Apesar das últimas notícias darem conta de que a Liberty Seguros cortou o financiamento ao projecto “Verão Azul” que todos os verões trazia crianças da zona afectada pela radiação de Chernobyl para Portugal, a verdade é que as famílias portuguesas envolvidas não desistem e vão conseguir repetir a experiência.
Tiago Sousa e Tânia Pinto, de Ovar, são um dos casais que não desistem de manter a experiência de férias em Portugal que, segundo alguns estudos, sendo longe da radioactividade da sua terra natal, podia valer às crianças de Chernobyl mais um a três anos de vida.
“A parte burocrática vamos conseguir contornar através de uma associação espanhola que traz as crianças”, explica Tiago Sousa, acrescentando que às famílias nacionais caberá “ir buscar as crianças a Barcelona”.
A Liberty Seguros anunciou que “optou por não renovar, no próximo ano [2020], o apoio ao projecto” Verão Azul, que desde 2008 trouxe a Portugal “mais de 100 crianças e jovens oriundas dos arredores de Chernobyl, onde as radiações do desastre nuclear de 1986 ainda hoje se fazem sentir”.
Graças às notícias que dão conta da tristeza das crianças ucranianas, uma empresa vai ajudar na viagem de duas crianças. “Actualmente, são seis as crianças que virão, mas já foram 25”, recorda Tiago Sousa.
Embora o projecto tenha sido encerrado, as famílias de acolhimento em Portugal ainda tentam garantir a continuidade da iniciativa.
No caso, da menina ucraniana que a família de Tiago acolhe em Ovar todos os verões, a viagem está assegurada este ano mediante o pagamento de uma verba de cerca de mil Euros. “A minha vem e com este já serão cinco anos”. “Não podia ser de outra forma, pois já é como se fosse da família”, declara, convicto de que tudo vai correr bem.
A responsável do Centro Doviria, Inna Sheremet, de Ivankiv, que tinha parceria com o Verão Azul, realça, em declaraçõea ao Público, que “estas férias fazem toda a diferença na vida deles, na saúde e no aspecto físico. Os próprios pais dizem que eles são outras crianças no final das férias“.
A Liberty explica que a decisão de cortar o financiamento do projecto tem a ver com uma “alteração de estratégia” da empresa. “Entendemos que devemos focar a nossa responsabilidade social no apoio à prevenção rodoviária e também junto de algumas associações de cidadãos portadores de deficiência”, explicou a responsável do departamento de comunicação da Liberty Seguros.
Embora o financiamento tenha cessado, a seguradora mostrou-se disponível para facilitar o contacto entre as famílias de acolhimento e as crianças. Ainda assim, as famílias têm dificuldades em encarar a realidade.
As famílias do Verão Azul não baixam os braços e prometem lutar para manter vivo o projecto e vivo o sonho destas crianças.