Opinião

Alerta vermelho

O areal que já foi vasto é agora uma estreita passadeira, uma língua afunilada.
Percorro a parte mais ampla- vagueio entre o longo espraiar do mar e a floresta paredão.

Em certos locais parece ter havido uma batalha em que a floresta foi largamente derrotada pelo brutal avanço do mar.
Vastos destroços tapam por completo a areia da praia. Estão acompanhados por uma areia em luto: terra negra do pinhal que o mar arrastou no seu recuo

Um mar brutal, nada dado a plasticidades, devolve dezenas de coloridas embalagens plásticas negligentemente deixadas no seu seio.
O reduzido areal é um misto de floresta destroçada, de lixeira e de espuma que parece definir uma linha fronteiriça.

Imprudentemente, avanço entre os despojos numa língua de areia cada vez mais delgada- chega a ser angustiante, asfixiante. Quase não existe espaço para avançar.

Até que o mar lança o seu alerta definitivo, mostrando que nos percebe e que sabe utilizar os nossos símbolos.
Um mar em fúria que lança o seu alerta vermelho- que nos adverte, que nos fustiga.

 

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