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Europeias não suscitam interesse n’A Varina de Hamburgo

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Junto ao porto de Hamburgo, há quase tantos cartazes dos candidatos às europeias, como restaurantes portugueses, mas isso não parece despertar a vontade da comunidade de ir votar nas eleições de dia 26 de maio.

“Nem nestas nem em nenhumas”, atira Celso Mané enquanto serve um cliente habitual do restaurante ‘A Varina’, em pleno bairro português, na cidade de Hamburgo. Chegou há quatro décadas ao país e tem sido sempre pela abstenção. Os motivos “demoravam muito tempo a explicar”, refere o ovarense.

No Portugiesenviertel, o cantinho mais português de Hamburgo e mesmo da Alemanha, não faltam cartazes com as caras dos candidatos às eleições ao parlamento europeu, mesmo assim, Luís Pacheco, presidente da Associação Luso Hanseática, nota que “não há grande interesse”.

“A minha função é explicar, […] muitos ligam-me e dizem-me que receberam um envelope grande no correio para fazer muitas cruzes, querem saber o que é, se é importante ou não”, refere.

Para este português, que deixou o país com 11 anos, votar ganha ainda mais relevo para um emigrante, porque mais do que um alemão ou português, já é um cidadão europeu.

“Os jovens normalmente sabem o que querem, mas há outra parte que não tem interesse, por isso há muito a trabalhar e a explicar”, sublinha Luís Pacheco, que trabalha numa seguradora, bem no centro do bairro português.

Sabe em quem vai votar, mas prefere não dizer, ao contrário de João Barros que já tem um preferido, o mesmo desde sempre.

“Esta semana acompanhei os debates em Portugal e achei um pouco confuso. Eu tenho sempre uma linha de orientação, tive sempre o meu partido e oriento-me sempre por aí, não sei se é o melhor ou o pior. Sou do PSD e, se confio neles em todas as outras, nestas também”, revela o empresário, há 12 anos a viver em Hamburgo.

“Estas são realmente as eleições nas que faz sentido votar. As legislativas, em Portugal, já pouco nos dizem respeito, apesar de termos os nossos lá”, defende, acrescentando que todos deviam votar e não apenas pensar em fazê-lo. “Não podemos só criticar”, remata, antes de entrar para a carrinha que o devolve ao trabalho.

De mão dada com a filha, Virgílio Gomes da Silva sai do restaurante “O Farol”, na rua principal do bairro português, Ditmar-Koel-Straße, do qual é proprietário há mais de 30 anos.

“Vou votar, mas não sei ainda em quem”, assegura o português da Póvoa de Varzim.

“Às vezes devemos votar em alguém, nem que seja para não ganharem os candidatos errados”, confessa. “Temos de olhar para todo o lado, não apenas para o país onde vivemos.”

Usa o exemplo do Reino Unido e do ‘Brexit’ para explicar que teme o futuro da União Europeia, “mas não apenas da Europa, do mundo”.

“Há muitas pessoas erradas em posições com muito poder e isso é alarmante”, conclui.

Hamburgo é a cidade alemã com o maior número de portugueses. De acordo com os dados revelados pela embaixada de Portugal em Berlim, até ao final de 2018 eram 9.520 os cidadãos registados, mais 130 pessoas do que até dezembro de 2017.

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