Albano Jerónimo dá aula de interpretação em Ovar
A anteceder a apresentação da peça “Veneno” no Centro de arte de Ovar
O actor e encenador Albano Jerónimo vai dar uma Master Classe de interpretação em Ovar. Na véspera da apresentação da sua nova peça, “O Veneno”, o actor dará uma Master Classe com o título “A Construção da Melancolia”, a partir da escrita de Rodrigo Garcia e do filme “Fitzcarraldo”, de Werner Herzog, autores que serão explorados e trabalhados.
A Master Classe decorre nos dias 21 e 22 de Novembro, entre as 19h e as 22 horas, com participação limitada mas gratuita, sendo sujeita a inscrição prévia.
No dia 23, a peça “Veneno”, protagonizada por Albano Jerónimo, com texto de Cláudia Lucas Chéu e direcção do próprio Albano Jerónimo, tem apresentação agendada no Centro de Arte de Ovar.
Com a decadência e falência social da família como tema central, “Veneno” funciona quase como um monólogo do actor e encenador Albano Jerónimo – apenas pontuado pelas intervenções de Luís Puto -, no papel de um homem, recentemente desempregado e falido, que decide sequestrar os três filhos, depois de assassinar a mulher e o amante desta. A tragédia faz com que Albano Jerónimo assuma um autêntico delírio sobre a sociedade, a família, a política, mas também sobre o amor.
“Veneno” foi escrita por Cláudia Lucas Chéu, em 2015, na sequência de um determinado estilo de poesia que estava a desenvolver na altura, relacionado com temas ligados aos subúrbios, e que acabou por desaguar numa peça, sem que esta estivesse alguma vez planeada, disse a própria autora à agência Lusa.
Cláudia Lucas Chéu acabou depois por perceber que havia muitas histórias com este tipo de violência familiar, acrescentou.
“Muitos pensadores contemporâneos dizem que a família vai entrar em falência total, vai deixar completamente de funcionar, precisamente por causa dessa hipocrisia toda dos clichês sociais”, frisou. Albano Jerónimo, por seu lado, disse que este trabalho também pretende trazer um pouco à superfície o aumento dos crimes, no seio da família.
“O que está por baixo disto, de certa forma, é este tecido suburbano que caracteriza estas grandes metrópoles”, referiu, exemplificando com Lisboa. “Cada vez mais as pessoas de Lisboa não estão na capital, mas nos subúrbios”.
“Veneno” é, assim, segundo Albano Jerónimo, um pretexto levantarem “questões maiores, como a família e a questão social dos subúrbios”, porque são aquelas “que acarretam problemas para toda a sociedade e não estão a ser atendidas como deviam”, sublinhou o encenador.
O cenário de “Veneno” é composto por um cão de loiça, um sofá, um lustre no teto, uma tela de projeção. É aqui que Albano Jerónimo vai discorrendo sobre os filhos, a mulher que acabou de matar, ou sobre o amante desta: “Um homem nunca pode ser cabrão, senão perde o respeito de todas as mulheres”, diz o ator, em palco.
“Sei que a vossa mãe ainda está viva, mas é como se não estivesse. Era uma mulher linda e cozinhava que era uma maravilha”, repete o protagonista, enquanto Luís Puto, a outra personagem em palco, vai filmando Albano Jerónimo em imagens que vão sendo projetadas na tela do cenário.
Com apoio à dramaturgia Mickael de Oliveira, direcção de Albano Jerónimo e participação especial de Leonor Devlin, “Veneno” tem concepção plástica de António MV, desenho de luz de Rui Monteiro e é uma coprodução da Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão, do Teatro Viriato e do Centro de Arte de Ovar.
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