Opinião

Um Vareiro em Pequim (IV) – Rosendo Costa

Para mim são estes os defeitos de Pequim, mas não me tiram o amor que ganhei a esta cidade! Gosto de voltar a Portugal, quando chego fico sempre uma noite em Lisboa, almoço com os meus colegas e o meu chefe, e no dia a seguir faço três horas de intercidades para regressar à minha terra Natal, plantada à beira-mar.

Como chego de noite e se não estiver tempo de chuva, gosto de olhar para o céu porque em Ovar se vê o céu estrelado, ouvem-se grilos, pássaros a cantar, o ar é puro e fresco e as saudades da família, animais e amigos são mais que muitas.

Nos dias seguintes mato as saudades da comida portuguesa, da família, dos amigos, da Ria e do mar, vou ao Porto, volto a Coimbra onde me formei, a Aveiro, a Santa Maria da Feira, cidade que também gosto, percorro a costa norte e centro toda das saudades do país e cidades que me viram crescer.

Não escondo que gosto da minha terra Natal, que tenho saudades de Ovar, Coimbra, Lisboa ou Porto, mas a minha vida é cá… Três semanas depois já sinto falta do pato à Pequim, do barulho, da confusão, de ouvir falar mandarim, da namorada, da minha coelha de estimação, de encomendar comida online que chega menos de meia-hora depois, com o estafeta agitado e stressado a bater à porta, dos amigos e vivências de cá, de me rir na rua com as situações engraçadas que só se vêem na China e de viver na China, o novo palco do mundo.

Na verdade viver em Pequim agora é viver no palco do mundo! É como viver em Nova Iorque nos anos 70! Tudo acontece cá, toda a gente vem cá, arranha-céus que nascem de ano para ano como cogumelos, marcas de luxo, muitas que não existem em Portugal existem espalhadas pelos shoppings da China, toda a gente quer a China, toda a gente deseja fazer negócio com a China, e, felizmente, os mitos errados da China dos campos de arroz, das casas tradicionais e dos chineses carecas com totó a cair pelas costas que comem gafanhotos e carne de cão estão, felizmente, a desaparecer.

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