Basquetebol: Ovarense não tem garantida continuidade
A Ovarense, único clube há 22 anos consecutivos a disputar a divisão principal do basquetebol português, corre o risco de falhar a participação na edição 2018/19 da Liga profissional, admitiu o presidente do clube, Pedro Braga da Cruz.
“Não tenho condições para garantir que a Ovarense continuará na Liga Profissional de Basquetebol”, afirmou o presidente do clube, que tem “até final de junho para reunir 200 mil euros” e, assim, manter a equipa no campeonato principal da modalidade.
No final da época em que, apenas pela segunda vez no seu historial, falhou o acesso ao ‘play-off’ de atribuição do título de campeão – a primeira ocorreu há 19 anos – o clube campeão nacional em 1987/88 e vencedor de quatro edições da liga profissional (1999/2000, 2005/06, 2006/07 e 2007/08) vê a próxima participação em risco, depois de ter sido decretada a insolvência do principal patrocinador, em janeiro.
Pedro Braga da Cruz explicou que a insolvência da Sports Fórum, gerou uma “série de incidentes aos quais foram perdendo a capacidade de reagir” por terem de se “focar no essencial, que era pagar impostos e salários”.
Tendo junto do tribunal reclamado os “cerca de 140 mil euros em falta” previstos nos dois anos em que deveria durar o patrocínio da empresa detentora da cadeia de centros comerciais Dolce Vita, o presidente do clube de Aveiro reconhece que a “esperança de os reaver é perto de zero”.
“A instituição financeira credora da sociedade insolvente reclama um crédito de cerca de 24 milhões de euros sendo muito mais do que o ativo em que está avaliado o shopping [Dolce Vita]. Acresce a isto que a Ovarense é, apenas, o terceiro credor, com um valor à volta de 140 mil euros”, explicou.
A equipa ‘vareira’ tinha como objetivo mínimo disputar o ‘play-off’, mas acabou relegada para a série B apesar de ter somado os mesmos pontos que o sétimo e oitavo classificados [Galitos e Lusitânia], depois de no último jogo ter sido “derrotada pela equipa dos Açores por 19 pontos quando podia perder por 14”, observou o presidente.
Para tal “contribuíram as contrariedades” com jogadores norte-americanos como Kyle Anderson, cuja “lesão no tendão de Aquiles o afastou da equipa” e “não houve a capacidade financeira para contratar um jogador do mesmo nível”.
“Mais tarde tivemos complicações com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras que deu ordem de expulsão ao nosso base, Will Perry, que não tinha visto de residência”, numa altura em que a Ovarense “já não podia inscrever jogadores”, lamentou Pedro Braga da Cruz.
Em contrarrelógio para tentar evitar a interrupção de uma permanência de quatro décadas na divisão maior do basquetebol nacional, o líder ‘vareiro’ garantiu à Lusa manter a aposta “na continuidade do treinador Nuno Manarte, tal como de alguns dos jogadores estrangeiros”, dando conta que “todos eles manifestaram vontade de continuar no clube”.