Recolhidas em Cortegaça sementes para renovar pinhal português
Numa altura em que a época de incêndios já é uma preocupação e a sustentabilidade da floresta portuguesa é um assunto em discussão, decorreu, anteontem, no Perímetro Florestal das Dunas de Ovar, em Cortegaça, a iniciativa “Escalar para Renovar”.
Numa organização do Centro Pinus e o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), a iniciativa consistiu na recolha de sementes das pinhas que estão nos ramos cimeiros dos melhores exemplares de pinheiro bravo para serem semeadas e, posteriormente, plantadas em diferentes zonas do país. Para conseguir estas pinhas, vários escaladores subiram aos mais altos pinheiros bravos para conseguir apanhar as pinhas novas.
“Este é um trabalho de extrema relevância para a sustentabilidade da floresta portuguesa”, frisa, Joana Miguel, porta-voz da organização, realçando igualmente que se trata de “uma tarefa exigente que é feita por uma geração em final de carreira e que vê o seu posto de trabalho sem jovens para assumirem o lugar”.
Estima-se que sejam necessárias 19 milhões de plantas de pinheiro-bravo por ano, durante cinco anos, para rearborizar 75 mil dos 125 mil hectares de resinosas ardidos em 2017, em que o pinheiro-bravo era espécie única ou dominante.
O início da resposta está na recolha de sementes e, para isso, o Centro Pinus – associação representativa da fileira de pinho – e o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) levaram a cabo a iniciativa “Escalar para Renovar”.
O objectivo é simples: Recolher sementes dos melhores exemplares de pinheiro-bravo. Mas para tal, é preciso alcançar as pinhas novas, que se encontram no cimo das árvores, através de escalada. “São apanhadas por arboristas, profissionais com a destreza e habilidade necessárias para escalar as árvores e reconhecer as melhores pinhas”, esclareceu Joana Miguel. Esta é uma profissão diferenciada, que, no entanto, está em extinção.
O impacto dos incêndios de 2017 veio tornar mais premente e urgente o desenvolvimento de acções de rearborização e arborização, indispensáveis à sustentabilidade da fileira do pinho. O sucesso destas acções depende fortemente da qualidade e origem da semente.
As pinhas novas são as que têm a melhor semente para plantar em viveiro. Com esta iniciativa, o Centro Pinus e o ICNF pretendem, assim, chamar a atenção e contribuir para a renovação em duas frentes: a da floresta de pinheiro-bravo português e a de profissionais dedicados ao arborismo.