Festas do Mar do Furadouro com orçamento de 40 mil euros
Numa organização da Comissão Amigos do Furadouro (CAF), começam hoje as tradicionais e afamadas Festas do Mar do Furadouro, em Honra do Senhor e da Senhora da Piedade.
Este é o quarto e poderá ser o último ano em que os festejos são organizados com José Silva ao leme da referida comissão. “É muito complicado”, explica o presidente da CAF. “O comércio tem dificuldade em colaborar – uns fazem-no significativamente, mas outros pouco ou nada e alguns até nos evitam quando nos vêem chegar”.
“Esta é a festa mais importante do concelho, mas as dificuldades financeiras dos comerciantes são visíveis e só assim se explica algumas reacções com que nos deparamos”, lamenta o responsável.
Diogo Piçarra é o cabeça de cartaz da programação, nome grande da nova música nacional que vem às festas graças ao apoio da Câmara Municipal de Ovar que, “pelo segundo ano consecutivo nos ajuda bastante, mas o resto é tudo connosco”.
A festa tem um orçamento que ronda os 40 mil euros, “mas ainda não conseguimos angariar a totalidade da verba, e isso cria-nos angústia, porque andamos nisto por amor à camisola e bairrismo”.
O facto das Festas do S. Paio da Torreira decorrerem na mesma altura, veio trazer dificuldades acrescidas à organização. “É uma agravante. Podíamos ter alterado a data, mas esta é uma tradição muito antiga e as Festas do Mar do Furadouro surgem logo a seguir às outras festas do mar do concelho de Ovar e as pessoas gostam que se respeite estas datas”, justifica José Silva.
Natural do concelho de Santa Maria Feira, radicou-se na praia do Furadouro há cerca de 30 anos. “Já na Feira fundei uma biblioteca e colaborei em várias iniciativas. aqui, abracei esta terra, gosto dela e faço tudo para que as festas se organizem e, claro, não fiquem atrás das outras festas do mar”.
O organizador está convicto de que “se não se fizessem, o comércio ficava muito prejudicado, mas as pessoas que não são originarias de cá, sou pouco amigas de dar”.
“Esta festa tem a característica de prolongar o verão e, a nível monetário, ajuda muito o comércio, porque aqui é preciso fazer como a formiga, trabalhar de verão para ter no inverno”.
Como há festas em muito locais na mesma altura, tem sido mais dificil atrair os tradicionais divertimentos. José Silva diz que “há falta de dois que têm vindo noutros anos e isso também mexe com a receita”. Nos feirantes, “a rua está ocupada pela metade, porque muitos estão na Torreira e não sei se virão já que o S. Paio foi prolongado e prejudica-nos”.
A CAF tentou, pelo segundo ano consecutivo, organizar uma Feira Popular no início do Verão que acabou por abortar. José Silva explica que “a Feira Popular é uma iniciativa em que aposto e continuo a achar que pode resultar”. Segundo ele, “esta falhou por motivos estranhos, mas estava muito composta e a nível de receita estava a correr bem até para ajudar a organizar a Festa do Mar”. Mas a EDP inviabilizou o certame pois ter-se-á recusado em vir ligar a energia eléctrica em tempo útil. “Acho tudo estranho porque os feirantes tinham pago a caução à EDP e mostraram-me os recibos. Depois a telefonar para a EDP e esta a dizer que vinha ligar na quinta, depois vinha na sexta-feira e acabou mesmo por nâo vir”. José Silva que isso “foi o desânimo total para mim, porque deu muito trabalho. Fui a várias feiras convencer os donos dos divertimentos a vir, e acho que esta segunda tentativa ia ser espectacular”.
É por isso que não deverá continuar ao lema das Festas do Mar, mas “talvez ainda venha a organizar a Feira Popular, pois realiza-se em terreno privado e quero provar que é um evento que tem pernas para andar”.
Como balanço dos quatros anos, garante que ficou a “gostar ainda mais disto, apesar do último mês dar muitas dores de cabeça. Parece que andamos a pedir para nós”. E mesmo contra ventos e marés, desabafa: “Aqueles que ajudam dão-nos ânimo”.