Especial PÁSCOA

“Chuva” tocou as pessoas

“Chuva” era uma das produções mais aguardadas do FESTA 2017. Agendada para a noite de sábado, a sorte quis que a noite se tornasse fria e ventosa, mas isso não arrefeceu o interesse da comunidade com mais de 700 pessoas a corresponderem à chamada para assistirem a um espectáculo nas margens do rio Cáster.

Leandro Ribeiro, encenador do “Espectáculo de Rio – Chuva”, estava satisfeito com o resultado final, mas acima de tudo, com a participação das pessoas. “A adesão foi boa, mas o fundamental foi conseguir chamar a atenção das pessoas para um lugar que não é de passagem, pois esse sempre o mote para este projecto”. Depois, enaltece “o envolvimento da comunidade, não só de Ovar, também de fora”, que a ele e a António Júlio se juntaram para dar forma a este projecto criado de raiz, com base num texto de Mia Couto, “A Chuva Pasmada”, que evoluiu para uma dramaturgia diferente.

A montagem de “Chuva” não foi fácil. Começou dois dias antes, envolvendo 70 figurantes e actores e 11 técnicos, com a bonança das condições do tempo. Aliás, “o ensaio geral de sexta-feira à noite correu lindamente, mas no dia do espectáculo, registou-se a aparição inesperada de um vento desagradável, surgiram algumas complicações às quais tivemos de dar resposta e penso que conseguimos”.

“Chuva” foi pensado para uma única apresentação no FESTA, mas as portas estão abertas para outras andanças. “Neste momento, ainda não tenho ideia de repetir o projecto numa outra cidade ou seja onde for”, responde Leandro Ribeiro, lembrando-se até dos que não conseguiram ver devido à lotação limitada do espectáculo, mas isso, diz, “terá de partir da Câmara Municipal, mas estarei disponível para pensar nisso”.

De facto, soube a pouco, três meses de tanto trabalho – com a comunidade foram três semanas de ensaios à noite, de segunda a sábado, para tudo se esgotar numa noite.

Segundo o jovem encenador vareiro, o espectáculo foi pensado assim, de forma propositada: “Começa em festa, mas vai decaindo propositadamente, pois o avô deixa o plano terreno, o que é triste”.

Por outro lado, Leandro Ribeiro subverteu, com vantagem, algumas das exigências que lhe foram feitas: “A ideia era para ser um espectáculo de rua e eu optei pelo rio, e a outra foi essa de não terminar em festa como é norma para espectáculos de rua, e fiz ao contrário, para tocar as pessoas, deixá-las com um nó na garganta, pois todos temos algum familiar que já partiu”.

No fim, Leandro Ribeiro regista com agrado a reacção do muito público: “O final não é fácil, não é festivo e o silêncio que se instalou deu para perceber que todos assimilaram a mensagem que tentei passar”.

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