FESTA: Três dias de espectáculos por artistas de seis países
A quarta edição do FESTA – Festival Internacional de Artes na Rua decorre em Ovar, de 21 a 23 de julho, fechando o centro da cidade ao trânsito para acolher 16 espetáculos gratuitos, por artistas de seis países.
Sempre durante a tarde e a noite, o programa prevê assim um total de 36 apresentações de teatro, dança, música, circo, performance e oficinas, no que se inclui a estreia nacional de “Xics de Xurrac”, com as torres de jogos criadas pelo grupo catalão Tombs Creatius, e ainda as ‘premières’ absolutas da Orquestra Clássica Inventada e do espetáculo “Chuva”, pelo encenador Leandro Ribeiro.
Para o vereador da Cultura na Câmara de Ovar, Alexandre Rosas, a aposta deste ano é na “consolidação do evento”, que para isso reforça a sua componente musical e passa a ocupar novos espaços do centro histórico, “para melhor dar a conhecer a cidade a um público que cada vez inclui mais gente de fora do concelho”.
O orçamento global do festival “continua a ser de 80.000 euros”, com o que a autarquia consegue trazer a Ovar 12 produções portuguesas, uma brasileira, uma belga e uma coautoria australiano-britânica.
“Há uma grande envolvência da comunidade em algumas destas produções, o que também ajuda à afirmação do evento”, explica Alexandre Rosas. “Isso é muito importante quando se tem um projeto a longo prazo como este, que precisa de crescer de forma natural para obter uma evolução sustentada e consistente que lhe permita ser sempre viável,”, realça o autarca.
Nesse sentido, entre os destaques do FESTA conta-se o espetáculo “Chuva”, para o qual Leandro Ribeiro diz ter recolhido inspiração no texto “Chuva Pasmada”, de Mia Couto.
A peça será encenada nas margens do Cáster, aborda a identidade desse rio enquanto parte integrante do progresso local e conta para isso com a participação de cidadãos voluntários.
“Mas eles não serão apenas figurantes”, garante o encenador. “Estão a receber formação em canto, música e performance”, revela.
Outro espetáculo dependente de participação comunitária é “Piknik Horrifk”, em que a companhia belga Laika recupera “O jardim das delícias terrenas” do pintor Hieronymus Bosch para adaptar essa temática à realidade da indústria agroalimentar atual.
Durante três dias, dez voluntários locais vão assim fazer figuração, cozinhar os pratos a servir ao público durante a atuação e ajudar depois na limpeza do Parque Júlio Dinis, onde o piquenique estará “no limite entre o paraíso da boa comida e o inferno da produção de alimentos modernos”.
A Orquestra Clássica Reinventada, por sua vez, resulta de um desafio lançado ao clarinetista Ivo Pinho, que para o efeito apostou na “fusão da música clássica com sonoridades representativas de outros países”, como o tango, o samba, os ritmos africanos e os estilos do Leste europeu.
Na sexta-feira e no sábado esse espetáculo será deambulante; no domingo encerrará o FESTA com um total de 17 músicos que, segundo o clarinetista e maestro, prometem retirar clássicos como a “Carmen” de Bizet dos seus habituais lugares de “intocáveis”. (*com LUSA)