Opinião

Conhecer as plantas: Canela – Luís Filipe Silva

Conhecer as plantas, as suas propriedades e forma como devem ser manipuladas, segundo a indicação e patologia. Siga a instruções e viva melhor.

Caneleira (Cinnamomum zeylanicum Nees.)

Família: Lauráceas
Nomes vulgares: Caneleira, caneleira-da-índia, caneleira-de-Ceilão, cinamomo e pau-canela Brasil: Cinamomo.
Outros Idiomas: Cinnamomi (latim), Cinnamon (inglês), Canela (espanhol), Cannelle (francês), Cannella (italiano) e Zimt (alemão).
Habitat e distribuição: Originária do Ceilão, da Birmânia e da Índia, foi depois introduzida nas ilhas do oceano Índico e sudeste da Índia, o Sri Lanka é o maior exportador.
Partes utilizadas: Óleo essencial e casca desidratada.
Constituintes: Acetato de eugenol, ácido cinâmico, açúcares, aldeído benzênico, aldeído cinâmico, aldeído cumínico, benzonato de benzil, cimeno, cineol, elegeno, eugenol, felandreno, furol, goma, linalol, metilacetona, mucilagem, oxalato de cálcio, pineno, resina, sacarose, tanino e vanilina.
Propriedades: Aromática, estimulante da circulação, do coração e aumenta a pressão. Provoca a contracção de músculos e do útero, por isso é emenagoga (regula o fluxo menstrual).

Propriedades Medicinais: Adstringente, afrodisíaca, antissética, aperitiva, aromática, carminativa, digestiva, estimulante, hipertensora, sedativa, tónica e vasodilatadora.
Usos Etnomédicos e Médicos: Como digestiva, carminativa, aperitivo, estimulante das secreções digestivas, antiespasmódica, colites, nas diarreias infantis; na dismenorreia; asma e gripe. Externamente nas estomatites e micoses cutâneas.
Principais indicações: Como aperitiva e eupéptica (bom digestivo). Coriza (rinite) e síndromes gripais acompanhadas de inflamação orofaringe e das vias respiratórias, como antibacteriana.
Contra indicações: Não administrar por via oral, nem topicamente, o óleo essencial a crianças menores de seis anos, nem a pessoas com alergias respiratórias ou com hipersensibilidade a este ou outros produtos aromáticos. Não empregar ao mesmo tempo a baunilha nem o bálsamo-do-perú. Não usar em caso de úlcera gástrica, ou intestinal, nem durante a gravidez. Pode irritar as mucosas por uso excessivo.
Precauções: Topicamente: O óleo essencial pode originar dermatites por contacto, irritações das mucosas ou reacções alérgicas. Internamente, em doses elevadas, pode produzir alterações nervosas.
Efeitos Secundários e Toxicidade: Dermatites nas mãos dos pasteleiros atribuídas ao aldeído cinâmico. Gomas aromatizadas com canela pode originar dermatites periorais.
Aromaterapia: O óleo essencial é usado em dores articulares, reumatismo, cãibras, etc. É anti-inflamatório e analgésico.
História: A canela é uma árvore originária do Ceilão, da Birmânia e da Índia e conhecida há mais de 2500 anos a.C. pelos chineses. Seu nome científico, “cinnamomum”, segundo referências, é derivado da palavra indonésia “kayu manis”, que significa “madeira doce”. Mais tarde, recebeu o nome hebreu “quinnamon”, que evoluiu para o grego “kinnamon”.
A canela era a especiaria mais procurada na Europa e seu comércio era muito lucrativo. O monopólio do comércio da canela esteve nas mãos dos portugueses no século XVI, passou para os holandeses, com a Companhia das Índias Orientais, quando esses expulsaram em 1656 os portugueses do Ceilão, e depois, passou para as mãos dos ingleses, a partir de 1796, quando esses ocuparam essa ilha. As canelas são algumas das espécies mais antigas conhecidas pela humanidade.
A mais difundida é a Cinnamomum zeylanicum, originária do Ceilão, atual Sri Lanka. Outras, entretanto, como a Cássia (Cinnamomum cassia), chamada de falsa-canela e conhecida como canela-da-china, também têm importância económica. Esta espécie é uma Laurácea arbórea muito cultivada nas províncias do sudoeste da China.
As partes mais úteis das canelas são o córtex dissecado (casca) e o óleo. O óleo é obtido das folhas por destilação, por arraste a vapor.
O seu principal constituinte é o aldeído cinâmico, cujo teor pode ser superior a 80%.
Considerada símbolo da sabedoria, a canela foi usada na Antiguidade pelos gregos, romanos e hebreus para aromatizar o vinho e com fins religiosos na Índia e na China. Entre as muitas histórias da canela, conta-se que o imperador Nero depois de matar com um pontapé a sua esposa Popea, tomado de remorsos ordenou a construção de uma enorme pira para cremá-la. Nessa pira foi queimada uma quantidade de canela suficiente para o consumo, durante 1 ano, de toda a cidade de Roma!
Mesmo sem a importância que teve no passado e não sendo mais motivo de lutas entre os povos, a canela contínua indispensável, como tempero na culinária moderna.
Lendas e Mitos: A canela é mencionada até em passagens bíblicas. No Livro dos Provérbios da Sagrada Escritura, por muitos atribuído a Salomão, no versículo “As Seduções da Adúltera”, é feita a seguinte referência à canela:”Adornei a minha cama com cobertas, com colchas bordadas de linho do Egipto. Perfumei o meu leito com mirra, alóes e cinamomo …Vem ! Embriaguemo-nos de amor até ao amanhecer. Porque o meu marido não está em casa; Que o teu coração não se deixe arrastar pelos caminhos dessa mulher, a sua casa é o caminho para a sepultura, Que conduz à mansão da morte”.
Remédios caseiros
Anemia: Elixir – Em 1 litro de Marsala da melhor qualidade colocar em maceração por 5 dias, 10gr de Canela, 30gr de Quina e 50gr de Centáurea. Filtrar o líquido e consumi-lo em cálices pequenos antes de cada refeição.

Debilidade: Elixir – Em 1 litro de Vinho Marsala, macerar por 24 horas, 25gr de casca de Canela e 10gr de Hortelã fresca, filtrar o líquido e colocá-lo numa garrafa e consumi-lo em cálices cada vez que se sentir fraco ou cansado.
Estômago (Atonia gástrica) – Tintura – Macerar por 24 horas, 50gr de casca de Canela, esmiuçada em ¼ de litro de álcool a 60º. Filtre o líquido e coloque-o numa garrafa. Administrá-lo em colheres antes das refeições.
Vinho digestivo: Em 1 litro de vinho branco de boa qualidade, macerar por uma semana os seguintes ingredientes: 10gr de casca de Canela, 30gr de casca de Quina, 20gr de raiz de Genciana, 10gr de semente de Anis, 50gr de açúcar, 1 envelope pequeno de Baunilha, os ingredientes devem ser esmiuçados, antes de serem colocados no vinho. Filtrar o líquido vertê-lo numa garrafa e conservá-lo em local fresco. A dose é um cálice pequeno.
Gripe: – Infusão – Numa chávena de água fervente colocar, 5gr de casca de Canela, 5gr de Eucalipto, 10gr de Alcaçuz, deixar em infusão por 10 minutos, filtrar o líquido e bebe-lo bem açucarado.
Ponche de chá: – Colocar água quente num recipiente, adicionar à quantidade de chá necessária, um pedacinho de casca de Canela e um cálice pequeno de Aguardente de Cana. Deixar em infusão por 10 minutos.
Vinho Brule: Ferver por 3 minutos em 200gr de Vinho Tinto forte 5gr de Canela e 3 Cravos-da-índia, coar, adoçar e beber em seguida.
Reconstituinte: – Vinho Medicinal – Num litro de Vinho Marsala de boa qualidade, macerar por 12 horas, 40gr de casca de Canela, 30gr de casca de Quina. Filtrar e colocar em uma garrafa. Tomar um cálice pequeno antes das refeições.

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