A Queima do Vareiro – Por Lobo Mau
Curiosa tradição esta em Vila Flor usada para festejar o São João. Lá de cima, do distrito de Bragança, vem uma equipa de homens fortes a Ovar, expressamente mandatada para raptar um vareiro, levam-no e queimam-no vivo, como se fazia nas trevas da Idade Média.
Mas não é nada disso. Esta expressão metafórica refere-se aos executivos camarários dos últimos 20 anos que governaram o Município de Ovar e deixaram a Capital dos Vareiros, e Berço das Varinas, nas ruas da amargura.
Também não é nada disto (aliás, às vezes esquecemo-nos de que não se consegue recuperar depressa de tanto tempo de atraso…). A única verdade no meio disto tudo é que há mesmo uma tradição chamada “Queima do Vareiro” em Vila Flor, que agora chegou a Tribunal. Em vez do tal Vareiro, alguém achou um Gato, meteu-o dentro de um pote de barro (que para aquela gente deve ser a “casa” natural de um gato) e pendurou-o sob uma fogueira em nome de uma tradição qualquer…
A dona do gato, em co-autoria com “indivíduos de identidade não concretamente apurada” usado neste ritual satânico, foi acusada pelo Ministério Público de um crime de maus tratos a animais de companhia, na forma consumada.
Queimar vareiros não sabemos, mas o crime de maus tratos a animais de companhia é punido com pena de prisão até um ano ou pena de multa até 120 dias. O Tribunal entendeu condenar a dona do infeliz felino, Rosa Santos, de 64 anos, a uma pena de multa de 90 dias, a cinco euros por dia, o que perfaz 450 euros. O juiz que leu a sentença, no tribunal de Vila Flor, esclareceu que a multa pode ser paga ou substituída por trabalho a favor da comunidade.
Apesar do povo de Mourão e da dona do gato dizerem que o gato não sofre, mesmo queimado vivo, o caso revoltou os amigos dos animais que conseguiram que a mulher de Vila flor fosse acusada de maus tratos a animais numa (maldita) tradição integrada nas festas de São João, a partir da crença de afastar as pragas. Sim, porque em Portugal, o tempo das pragas ainda não acabou.
Durante o julgamento, populares que foram chamados a depor, disseram que aquilo não era uma “Queima do Gato”. Confusos? Não! Aquilo era a “Queima do Vareiro”, ou seja, um pau. Ah! Agora percebemos que o Vareiro é um pau.
Mesmo assim, todos nós, Vareiros e amigos dos Gatos, gostamos que se faça justiça justa a este infeliz felino, para que nunca mais nenhum Gato seja sacrificado em nome de crenças medievais que não se justificam nos tempos modernos.
*Leitor devidamente identificado