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Quem verbaliza assim (não) é Gago

 

“No precipício era o verbo”, que junta textos, traduções e poemas de – e ditos por António de Castro Caeiro, André Gago e José Anjos, com interpretação e composição musical de Carlos Barretto, foi um dos destaques do segundo dia do segundo Festival Literário de Ovar que está a decorrer no Jardim do Cáster.

“Começa com um coração aberto, envelhecido pela sede. depois o som de uma língua lambendo a pele seca por trás do crânio. Só luxúria e mística.
Subitamente, a leveza inteira do som na ponta dos dedos empurrando o vento de verão para dentro da casa; de noite, a lua ergue um caracol como um morcego que paira sobre a cidade respirando os sons da sua melancolia e dos seus amores impossíveis. Até que o corpo cai na sua própria respiração como um poema ouvido em língua estrangeira”.

Tudo começou com a proposta de juntar quatro autores e os seus ofícios — Carlos Barretto (músico e compositor) António de Castro Caeiro (filósofo e tradutor), André Gago (actor e escritor) e José Anjos (músico e poeta) — com um objectivo: o precipício enquanto exercício de contemplação e linguagem – “porque caímos juntos; caímos em pensamento e no pensamento uns dos outros, na celebração da vida e dos afectos. Porque o poema é só a face visível do problema”, lê-se na sinopse oficial.

O primeiro trabalho deste projecto – “No precipício era o verbo”, consiste num livro e cd (a editar pela Abysmo do João Paulo Cotrim), que se contemplam um ao outro à volta do precipício que une os quatro autores, juntos pelo mesmo começo, na sincronia do poema que ainda não existe.

Ao vivo no evento organizado pela Câmara Municipal de Ovar e coordenado por Carlos Nuno Granja, o projecto apresentou-se num espectáculo extraordinário que juntou textos, traduções e poemas de – e ditos por António de Castro Caeiro, André Gago e José Anjos, com interpretação e composição musical de Carlos Barreto. O Festival Literário prossegue até 11 deste mês com muitos convidados e outras propostas musicais para descobrir.

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