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Bosch quer triplicar matéria prima nacional

 

“Há uma grande parte que nunca vamos poder ter – os semicondutores, os circuitos integrados e os componentes eletrónicos, porque isso é a Ásia que faz para todo o mundo – agora em tudo o que é plástico injectado, metal estampado ou injeção de alumínio, por exemplo, temos essas competências muito fortes cá em Portugal e é aí que quero que, em vez de estar a vir da Alemanha, do Japão ou de outro sítio, seja feito cá”, afirmou Carlos Ribas em declarações aos jornalistas no final de um almoço-debate sobre a actividade do grupo alemão no país.

Segundo referiu hoje o também director da fábrica de Braga da Bosch, este é o objectivo para a unidade fabril minhota, mas se for possível atingi-lo nas restantes unidades de produção do grupo em Portugal, em Ovar e Aveiro, onde os níveis de incorporação nacional são semelhantes, “melhor ainda”.

Neste sentido, Carlos Ribas diz que falta “qualificar e certificar empresas para fornecerem o tipo de produto” de que a Bosch necessita, havendo um compromisso nesse sentido por parte do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento (IAPMEI).

Fazendo um “balanço extremamente positivo” da atividade da Bosch em Portugal em 2015, “após uma série de anos de crise em algumas áreas”, Carlos Ribas salientou que “todas as fábricas tiveram crescimento da faturação e recrutaram pessoas”, destacando-se sobretudo o crescimento das áreas de Investigação & Desenvolvimento (I&D).

A este propósito, assegurou que “Portugal já não é, seguramente”, encarado pelo grupo Bosch e pela “maior parte dos grupos internacionais” como um país de mão-de-obra barata e recordou como as fábricas nacionais começaram, “há muitos anos”, a “desenvolver algumas coisas” na área da I&D “um bocadinho à revelia” da casa-mãe.

“Tentamos, há muitos anos, que a Alemanha nos permitisse fazer inovação e desenvolvimento aqui em Portugal, porque as opções na altura eram os países de Leste, e um bocadinho à revelia começámos a desenvolver algumas coisas. Quando se aperceberam da qualidade daquilo que era aqui feito e do quão competitivos éramos nessa área, as portas foram abertas e agora o nosso problema é o contrário, é ter capacidade para satisfazer todos os pedidos”, disse.

Atualmente, continuou, o objetivo é que as áreas da produção e do desenvolvimento tenham um “peso igual” na atividade do grupo alemão em Portugal: “A produção é extremamente importante para nós, damos emprego a muita gente e a muitas famílias no país e queremos continuar a crescer. Mas estou consciente que para garantir a produção temos que ter uma componente de desenvolvimento muito forte, temos que desenvolver os produtos que vamos produzir nas nossas fábricas, e por isso a nossa aposta hoje é em crescer muito mais na área do desenvolvimento para continuarmos a ter cada vez mais carga dentro das nossas fábricas”, afirmou.

Depois de ter obtido uma faturação de 900 milhões de euros em Portugal no ano passado, a Bosch aponta como meta para este ano os 1.000 milhões de euros e já anunciou a intenção de contratar 1.000 novos colaboradores até 2018, a maior parte dos quais para a unidade de Braga, onde os planos são de duplicação da produção até 2018, face aos níveis de 2014.

A “estabilidade” é apontada como um dos “receios do momento” em Portugal: “Pedimos ao Governo estabilidade laboral, social e salarial, porque as empresas só vêm para Portugal se virem que é um país estável e de confiança. Neste momento a Bosch não tem previsto, devido à mudança de Governo, cancelar nenhum investimento que estava previsto, mas isso é neste momento”, afirma Carlos Ribas.

Actualmente o grupo Bosch assegura cerca de 3.600 postos de trabalho em Portugal, dos quais pouco mais de 2.200 na fábrica de Braga.

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