Cultura

Carlos Granja “À Palavra” com Lídia Tavares

 

Em tempo de Quaresma na cidade, e num domingo à tarde em que a Procissão dos Terceiros andava na rua, o Museu de Ovar acolheu mais um À Palavra, desta feita para uma sessão de apresentação do livro de poesia de Lídia Tavares, “Evocação das águas”, editado pela Seda Publicações e desenhos de Carmo Pólvora.

O momento foi antecedido por uma coreografia de dança baseada na “Canção do Mar”, de Dulce Pontes, interpretada pela jovem bailarina Mara Morais, que vem acompanhando a artista nas várias sessões públicas, desde que lançou este seu último livro em finais de 2015, com prefácio do brasileiro Carlos Eduardo Leal, em que, num vídeo que serviu de introdução a esta sessão, falou da poesia de Lídia Tavares.

Num modelo bem diferente do que habitualmente caracteriza estes eventos literários de proximidade entre escritores e leitores no Museu, a poesia de Lídia Tavares andou de boca em boca entre os presentes, encontrando na sua poesia, como definiria o escritor ovarense, Carlos Nuno Granja, na sua abordagem à obra, “As palavras levam-nos à infância e esta magnífica
poesia da Lília Tavares leva-nos ao interior do corpo. (…) A Lília gosta da natureza, dos ventos, das águas, há aqui uma relação que atravessa a sua poesia, mas que a difere de tantas outras, pela fluidez do caudal das palavras, que se vão sobrepondo harmoniosamente nos versos, parece mesmo um rio que transborda o ser e vai até aos céus, levando-nos, por entre cada viagem, sempre diferenciada, nunca sendo igual”.

Carlos Granja, que declamou vários dos poemas da mentora, criadora e administradora da página online “Quem lê Sophia de Mello Breyner”, destacou ainda na sua apresentação do livro “Evocação das águas” em Ovar, palavras como: “Que se encham as folhas/de verbos e de versos/Que se encham os versos/de sopros e sussurros/e as manhãs de águas/as tardes de linhos/as noites de algodão/branco do teu corpo.” e acrescentaria, “Com estas palavras a poeta transmite-nos a serenidade que nos afecta cada
leitura”.

Esta novidade de um À Palavra diferente, permitiu ao seu animador e moderador, partilhar com extraordinária sensibilidade, momentos de convívio com a delegação que acompanhou Lídia Tavares à cidade de Ovar, a quem disse: ” Sei que aprecias as pequenas coisas da vida, como se as espremesses para viver tudo ao pormenor e vivenciasses os dias na sua plenitude”, porque, como aliás afirma a autora neste seu livro, “Uma a uma recolho todas/as migalhas da felicidade/que deixei espalhadas, dispersas,/sobras dos momentos em que todas/as coisas bastavam”.

As palavras proferidas neste À Palavra no Museu de Ovar, foram uma verdadeira evocação à poesia de Lídia Tavares a quem Carlos Granja ainda confessou que, “ao ler este teu livro, posso dizer, que a poesia não seria a mesma se não existisse também a tua poesia” admitindo mesmo, “eu e estas pessoas precisam da tua poesia” e destacou mais estas palavras, ” Sobre ti falam os poetas/sedentos de palavras de silêncio/aquelas/das noites com memórias/de olhares perdidos na planície.”

Assim terminou mais um momento cultural no Museu de Ovar, acolhedor da felicidade que a poesia de Lídia Tavares veio trazer aos “que sobrevivem pelo sonho, pela fantasia e pelo acariciar de memórias de tempos, lugares, afectos e abraços”.

José Lopes

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