“Vai Quem Quer” aponta ao “tetra”
A poucos dias dos grandes corsos do Carnaval de Estarreja (o primeiro é já na sexta-feira à noite), o trabalho nas escolas de samba e nos grupos apeados decorre a todo o vapor para que tudo esteja pronto a tempo.
Fomos conhecer um pouco dos preparativos no Esteiro de Estarreja, onde a tricampeã, a escola de samba “Vai Quem Quer”, tem o seu quartel-general, há gente a trabalhar dia e noite. Pedro Mendes, presidente da Associação do Carnaval de Estarreja (ACE), entidade que organiza os festejos, diz que, “nestes dias, as escolas e os grupos organizam-se por turnos”.
Sente-se bem o odor a cola, há plumas coloridas à espera de serem colocadas e muitos outros materiais que, depois de devidamente acondicionados nos adereços que compõem os diversos fatos, darão vida a mais um enredo que a “Vai Quem Quer” vai, orgulhosamente, levar para as artérias da cidade quando o cortejo sair.
Fomos encontrar o carnavalesco Juan Rodrigues, com as mãos na obra. Diz-nos que está a trabalhar desde as 8 horas da noite do dia anterior, praticamente, sem parar. Não sendo um profissional do samba, para se dedicar à escola, Juan tem que tirar férias no seu emprego.
No fundo, está a tirar férias para… trabalhar, mas lembra que “quando fazemos o que gostamos, nunca trabalhamos”. Este ano, a escola leva para a rua o enredo “Game Over, Try Again”, uma ideia sua e de Nuno “Sardinhola”. O objectivo da “Vai Quem Quer” é conquistar o “tetra”, de modo que a fasquia está muito elevada. “É sempre difícil encontrar temas e desenvolvê-los para uma escola com este nível de exigência”, confessa. Para este ano, Juan conta que a ideia surgiu em conjunto com Nuno, “um dia, quando estávamos na Internet à procura de ideias e foi ele que sugeriu que podíamos pegar na temática dos videojogos”. Juan gostou, muito embora pense que o tema, pela sua abrangência, não ia ser fácil.
A ideia do desfile que a escola de samba estarrejense vai levar nos corsos parte de um personagem, o Miguel. “Ele é um miúdo fictício que é fanático pelos jogos vídeo e, a partir daí, nasce uma viagem pelo mundo dos jogos”, adianta. A Vai Quem Quer vai levar para a avenida jogos de futebol, de corridas de automóveis, musicais e até os célebres jogos Arcade e Atari que estão na origem dos actuais, altamente sofisticados. “Vai ser uma viagem divertida para toda a família”, espera Juan Rodrigues.
Todos os anos, a Vai Quem Quer apresenta uma inovação, e apesar de não levantar muito a ponta do véu, Juan confirma que 2016 não vai fugir à regra. “Estamos sempre em busca de novas soluções proporcionadas por novos materiais, reinventando-os, por vezes, até por motivos económicos, pois o objectivo é economizar o máximo sem retirar brilho às fantasias”.
A este nível, Pedro Mendes, que já foi dirigente da escola, garante que “não há fantasias deste nível em mais nenhuma carnaval deste país, porque aqui vai-se ao pormenor”. “Hoje fazem-se coisas que nem se sonhavam há dez anos”. Juan mostra, apontando para um modelo do destaque: “Trabalhamos à escala. Aqui, um milímetro é um centímetro real”.
Os carros alegóricos são parte integrante de uma escola de samba. O carro da Vai Quem Quer está a ser executado por Raul Dinis, carnavalesco da cidade de São Paulo, radicado em Espanha e que, durante estas semanas, se radica na zona de Estarreja, a fim de executar a alegoria.
A escola de samba “Vai Quem Quer” tem um orçamento previsto, para este ano, na ordem dos 40 mil euros. “É tudo por carolice”, garante Juan, já que os apoios são poucos. Pedro Mendes explica que, “para se fazer face às despesas, os elementos quotizam-se, dão espectáculos durante o ano, entre outras iniciativas para angariar verbas”.
“Se vai jogar/Tentar outra vez, vou acreditar/De verde e branco/explode o meu peito a emoção/Final Perfeito!”.