Flamingos – Henrique Gomes
Raramente colaboram ou se posicionam a jeito- são aves desconfiadas e estão sempre prontas para levantar voo.
Existe sempre uma delas, ou uma graça amiga, que fica com a missão de vigilância e de estar atenta a qualquer movimento estranho.
Tudo em redor tem de estar em tranquilidade e equilíbrio, mesmo as várias embarcações visíveis estão como que congeladas, não se movendo ou soltando o mais pequeno ruído, evitando assim perturbar o repasto das aves- a “Vera”, uma das embarcações, parece soldada ao areal exposto pela maré baixa.
Detetam e controlam toda a atividade em redor de várias centenas de metros e não gostam de posar para a fotografia.
Perscrutam o fundo da ria, mantendo sempre altos níveis de alerta e de atenção. Os flamingos raramente perdoam uma movimentação suspeita e partem em debandada ao primeiro sinal de perigo.
Eles, os Flamingos, de perna alta e elegante e eu de rastejar demasiado dorido e desajeitado, temos tentado uma aproximação nunca concretizada- Os flamingos não valorizam as picadelas de mosquitos, o rastejar e o manchar de roupa a que estou sujeito, quando procuro a melhor posição para os fotografar.
Os flamingos longe de serem uns ingratos, são antes uns seres que não apreciam visitas e tentam a todo custo preservar o seu grupo. Mas que às vezes podiam ser mais colaborantes, isso podiam!
Fotografia do finalzinho da tarde de hoje, na sempre disponível Marinha de Ovar.
Henrique Gomes
Texto e foto