Hospital precisa de mais 6 médicos e 20 enfermeiros
A direcção do Hospital de Ovar vai contratar mais seis médicos e 20 enfermeiros para poder passar a internar doentes com covid-19. O presidente do conselho directivo explica que o hospital continua com a sua actividade normal, nomeadamente ao nível do internamento de utentes com outras patologias e do acompanhamento de doentes crónicos, mas revela estar a reorganizar a unidade para que essa passe a acolher também os casos de infecção pelo novo coronavírus que não exijam cuidados intensivos.
“Estamos a reorganizar-nos para responder ao que é necessário e a minha esperança é que já possamos receber esses infectados ainda esta semana”, diz Luís Miguel Ferreira.
O objectivo é disponibilizar mais 21 camas para doentes com covid-19 em situação algo estável e adaptar o bloco operatório a espaço de emergência na eventualidade de um agravamento súbito de sintomas, beneficiando assim da pressão negativa dessa área específica, onde o sistema de ventilação renova o ar o tempo inteiro e mantém a pressão atmosférica abaixo dos níveis do restante edifício, impedindo a saída de ar contaminado e a dispersão do vírus.
“Admitindo que um doente possa piorar de repente, assim podemos encaminhá-lo imediatamente para essa zona, onde ficará sob pressão negativa até que o INEM chegue e o transfira para um hospital de referência”, explica o director do hospital.
Para corresponder a essa nova valência, Luís Miguel Ferreira está já em processo de recrutamento de “cinco ou seis médicos e 20 enfermeiros”, que deverão ser contratados com recurso a “listas de profissionais reformados que se disponibilizaram para regressar ao trabalho, quadros dos hospitais privados que neste momento estão com a actividade muito reduzida e prestadores de serviço”.
Luís Miguel Ferreira admite que o Hospital Francisco Zagalo tem o seu próprio orçamento, mas realça que, nesta fase, a sua prioridade não é saber se esses fundos serão suficientes para remunerar os novos contratados.
“A preocupação agora – e é bom que as pessoas percebam isto, para se fecharem em casa – é salvar vidas. Depois, além do nosso orçamento, o Governo está a criar medidas específicas para ajudar os hospitais nesta gestão e a própria ministra da saúde já nos deu o seu total apoio para o que for preciso”, afirma.
Entretanto, no exterior do hospital uma equipa específica vem realizando a suspeitos indicados pela autoridade local de saúde 25 testes de diagnóstico de covid-19 por dia, capacidade que o director da unidade espera “aumentar para 40 ou 25 ainda hoje”.
O hospital também está a trabalhar em coordenação com o Centro de Saúde de Ovar, onde hoje começa a funcionar uma “Consulta Covid”, e com a Pousada da Juventude, que passa a receber os infectados que não disponham das devidas condições de isolamento nas suas residências.
Quanto ao internamento por outras patologias, que já antes do surto do novo coronavírus era uma das valências do hospital, Luís Miguel Ferreira revela que a capacidade instalada actual é de 36 camas e que a principal dificuldade tem sido manter o ânimo dos utentes, impedidos de receber visitas desde o início da pandemia.
“Nem toda a gente percebe que o fim das visitas é uma medida de contenção necessária, para bem de todos, mas procuramos dar feedback diário às famílias do que se está a passar com os seus doentes, recorrendo à tecnologia para os manter em contacto uns com os outros”, refere.